terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PEDRO E O PERIGO DA PRESUNÇÃO

Por Geovani F dos Santos

"Mas Pedro, respondendo, disse-lhe:   que todos se escandalizem em ti, eu nunca me Escandalizarei" ( Mateus 26.36).

Logo após a Santa Ceia e das declarações do mestre acerca de sua traição e morte na cruz do Calvário, Jesus revela aos discípulos que todos ficariam escandalizados com isso. Na verdade, Jesus conhecia muito bem as Escrituras e, por conseguinte, o vaticínio referente ao ferimento do pastor e a consequente fuga do rebanho ( Mt 26.31, Zc 13.7). Jesus declara que os fatos se dariam muito rapidamente, ou seja, naquela noite ( Mt 26.31). Ele deixa óbvio isso quando usa "esta noite" como referência ao momento em que se dariam os desdobramentos de sua paixão e morte e ressurreição.




Pedro da mesma forma que contradisse o mestre em Mateus 16. 21-23,  quando foi repreendido duramente pelo Senhor, mais uma vez se interpõe com uma dose de presunção ao dizer: "Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei" ( Mt 26.33).

Jesus em sua presciência conhecia muito bem o coração do  seu discípulo e sabia que aquele aparentemente arroubo de ousadia não duraria muito tempo. Em outras palavras, usando um adágio muito comum entre nós, poderíamos dizer que aquele atitude de Pedro era como um "fogo de palha". Começa com muita intensidade, no entanto, se extingue rápido.

Isso demonstra claramente como muitas vezes as motivações humanas são produto de um ânimo carnal, não são espirituais. Tudo o que é carnal não prevalece a nenhuma prova!

Neste ínterim, é revelado a ele sua tríplice negação. Jesus assevera: "Em verdade te digo que, antes que o galo cante, três vezes me negarás"( Mt 26.34). Em sua contumácia, o pescador da galileia reintera enfaticamente:

"Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei" ( Mt 26.35). Adiante se verá desmoronar este frêmito de coragem.

A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal sobre este episódio faz a seguinte ponderação:


"Todos os discípulos declararam que preferiam morrer a negar a Jesus. Poucas horas mais tarde, entretanto, estariam dispersos. Falar é simples. É fácil confessar que somos fiéis a Cristo, porém nossa afirmação só é validada quando posta à prova sob cruéis perseguições".

Jesus revela que nem sempre nossas palavras e atitudes possuem motivações genuínas. Podemos dizer num ímpeto de ardor emocional que somos capazes de seguir ao Senhor até às últimas consequências, todavia, a pressão da adversidade pode revelar a profundidade de nossa fidelidade e comprometimento com o Salvador. Isso comprova com exatidão que todos nós estamos sujeitos às susceptibilidades da natureza adamica. E, por mais decididos que estejamos, se não houver em nós verdadeira conversão, sucumbiremos ao primeiro round da luta.

Rafael Stanziona de Moraes, em artigo publicado no site: www.quadrante.com.br, assevera:


"Pedro, pelo contrário, nunca perdeu essa retidão interior. Começou a seguir Jesus num arranque abnegado de generosidade, por amor. E por amor seguiu-o até ao fim. No entanto, a sua natureza generosa e ardente era frágil, e Pedro, apesar de tantas advertências carinhosas mas claras de Cristo, preferiu ignorá-las presunçosamente. E foi essa presunção que o perdeu. O seu itinerário até à queda correu pela linha das atitudes de autosuficiência, das “desafinações” em relação ao espírito do Mestre, que a longo prazo apontavam para a infidelidade em situações extremas. E assim chegou à sua tríplice negação"

Fosse Pedro mais diligente em entender a voz do mestre e o seu ensino, muitos dos seus sobressaltos teriam sido evitados. Um certo ditado pondera: "Bom seria que aprendêssemos com os erros dos outros; mas há ocasiões em que precisamos aprender com os próprios erros cometidos. Isso faz parte do aprendizado. E muitas vezes Deus permite que passemos por tais circunstâncias para aprendermos grandes lições. Na Bíblia temos inúmeros exemplos disso.

Ainda, sobre a queda de Pedro, Rafael Stanziona de Moraes continua:


"Da queda de Pedro devemos, em contrapartida, aprender a fugir da presunção. Aprender que mesmo um homem reto, que continua a pôr Deus em primeiro lugar no seu coração, pode cair em faltas muito graves se não se esforça por estar muito unido a Ele, seguindo Cristo de perto; ou seja, se não combate energicamente as pequenas claudicações do seu modo de ser e não se apóia na força da graça – na oração, na confissão, na Comunhão..."

Esse episódio apresenta-nos a importância de nos colocarmos como humildes servos de Cristo, reconhecendo sempre as nossas limitações e a nossa pequenez diante do Senhor. Aquele que sonda os corações saberá recompensar todo esforço envidado para buscarmos a sua vontade. Se falharmos, assim, como Pedro, podemos contar com a sua misericórdia!


"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" ( Hb 4.15).


Soli Deo Gloria!

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