sábado, 30 de julho de 2016

SOCIEDADE ENFERMA E ESTADO OMISSO

Resultado de imagem para sociedade doente


Por Geovani F. dos Santos


Perguntamo-nos às vezes estupefatos: Que mundo é este em que vivemos? Talvez um tanto sobressaltados diante de tantos acontecimentos mórbidos, tais perguntas nos assaltem num rompante de reflexão sobre os fatos insólitos que se dão em nosso cotidiano. Na verdade, rejeitamos aceitar a feiura das coisas e o estado anômalo que se desenha porque simplesmente os consideramos surreais. É como se despertássemos de um sonho e percebêssemos de que tudo aquilo que está apenas no mundo onírico de repente é pura realidade. Relutamos num primeiro momento em aceitar as imagens disformes e a negação é maneira mais fácil de se fazer isso. Se não podemos acabar com as disformidades que nos assustam, pelo menos tentamos ignorá-las de alguma forma.  

A nossa sociedade tem sido acometida de todos os lados por terríveis espectros de maldade, os quais trouxeram uma gama de pessimismo aos cidadãos que a compõem e se sentem acuados sobremodo em seu cotidiano, premidos pela violência e incertezas, geradoras de angústia e ansiedade. Não podemos fazer vistas grossas para o problema porque ele nos salta aos olhos a todo o tempo e é impossível fugir dele, pois faz parte já de uma conjuntura há muito incrustada no tecido social e que cobra um ônus pesado de todos os indivíduos imiscuídos neste microcosmo.

O que falar quando vemos uma criança que deveria estar na escola empunhando um fuzil, furtando nas esquinas ou mesmo matando a sangue frio nos semáforos? O que dizer de um país onde grande parte de seus moradores vivem na miséria e uma minoria de privilegiados consegue ascender socialmente? Os meninos que se tornaram “aviõezinhos” são o produto da iniquidade do estado, que se nega a implementar políticas justas que arranquem da indigência este exército de rostos esquálidos e lhes dê um mínimo de dignidade.

O mesmo estado que deveria primar pelo bem-estar do cidadão e conceder aos mesmos uma chance de melhoria de sua condição, acaba por ser tornar o algoz dos que, não assistidos pelo mesmo, descambam para o crime e uma vida de delinquência. Uma vez que não se ofereceu as oportunidades necessárias, agora tem que se desdobrar para aumentar o aparato ostensivo de segurança, haja vista que a hediondez das práticas criminosas se intensifica vertiginosamente, representadas por um bando de malfeitores contumazes para os quais a lei é apenas uma abstração e nada mais. A nossa sociedade tornou-se escrava da anomia generalizada, insuflada por leis frouxas e inócuas, as quais não punem com severidade o transgressor e tampouco recuperam os que cometeram ilicitudes. O resultado deste conjunto de coisas é a explosão da criminalidade, que embasada e fiada na pusilanimidade de legislações draconianas e obsoletas tem caminho aberto para perpetuar o caos indefinidamente.


Não existe panaceia capaz de extirpar o problema brasileiro, porquanto as medidas tomadas pela nação, são apenas paliativas e  não decisivas para o enfrentamento definitivo dos processos de iniquidade social que acomete as populações mais pobres, que, por serem mais marginalizadas, acabam por se tornar os “bois de piranha” da política de cerceamento e segregação impingidas pelos figurões do poder, os quais são os guardiões do atraso coletivo e do declínio de nossas instituições, maculadas pela incúria daqueles que se dizem seus representantes. Enquanto não abrirmos os olhos ou o entendimento sobre o real problema e as suas causas, não teremos a possibilidade de reverter o cenário manchado de sangue e de malignidade social que atravanca o nosso desenvolvimento como nação minimamente civilizada.        

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