terça-feira, 30 de outubro de 2012

QUE NOME DAR A ESTE TEMPO


Mauro Santayna


No mundo só há passado, e o passado cresce a cada dia, como resumiu o escritor argentino Macedônio Fernandez: hoy hay más pasado que ayer. O passado cresce, e o futuro, na vida dos homens e das nações, é uma vaga hipótese.  A morte do historiador Eric Hobsbawm, ocorrida ontem, suscita uma curiosidade: se ele vivesse mais meio século – e não sabemos como o mundo será então, se ainda houver o mundo – como ele definiria essa segunda década do milênio novo? Ele não chegou a tratar do tema, mas a sua formação marxista naturalmente o levaria a constatar, como outros pensadores do fim do século passado, que a inteligência política está se tornando escassa nestes anos.


         O neoliberalismo - essa mancebia entre o poderio militar dos Estados Unidos, os grandes bancos e a insensatez dos governantes dos maiores países do mundo - continua indestrutível e indiferente à crise que sua ganância provocou. Em Getafe, uma cidade ao sul de Madri, ontem, 15 mil pessoas fizeram fila diante de uma empresa que necessita de 150 empregados: cem candidatos por vaga.

 O recrutamento está sendo feito por uma empresa terceirizada, que não explica de que trabalho se trata (em uma fábrica de implementos agrícolas), não informa se o trabalho será permanente ou temporário, nem qual será a remuneração.

         O desemprego na Europa, mais grave nos países meridionais, ameaça atingir as economias  sólidas do continente. Há dias, o New York Times noticiava que famintos  buscam comida nas latas de lixo da Espanha – e, em algumas cidades, as autoridades, com preocupação sanitária, colocaram cadeados nas tampas. Mas as elites espanholas passeiam nas nuvens. Ainda agora, houve quem dissesse, em Madri, que a Cúpula Iberoamericana de Cádiz, no mês que vem, demonstrará  a “presença civilizatória da Espanha na América Latina”.

         O problema mais grave é o do desemprego. As medidas de austeridade só beneficiam os grandes credores dos Estados, que são os banqueiros. Ora, todos os dias novas revelações demonstram que as maiores instituições mundiais de crédito se tornaram quadrilhas de bandidos. Os governos nacionais anunciam – como o da Inglaterra – legislações reguladoras severas, mas não vão adiante. Enquanto isso, o Goldman Sachs continua a governar diretamente a Itália, com Mário Monti, e a administrar as finanças da União Européia, com Mario Draghi no BCE.

         Nos Estados Unidos, as eleições de novembro estão sendo disputadas polegada a polegada por Obama e Romney: desde Eisenhower, a grande nação do Norte vem sendo governada por homens menores – e Kennedy não escapa dessa definição. Para nós, da América Latina, Obama parece melhor, mas, tratando-se da Casa Branca, nunca se sabe. Em seu segundo mandato, ele poderá ser outro – e pior.

         De qualquer forma, o grande país terá que encontrar, e já, um líder como foram Andrew Jackson, Lincoln ou Roosevelt, a fim de retornar aos princípios sob os quais conduziram o sistema. Do contrário será difícil impedir o declínio, apesar de seu imenso poderio militar.

         Esse poderio, no entanto, está sendo posto à prova no Oriente Médio. Os Estados Unidos estão encontrando dificuldades em salvar a face na retirada do  Iraque e do Afeganistão, por uma simples  razão: eles já a perderam, desde que Bush decidiu invadir os dois países. Como confessou Richard Clarke, especialista em “contra-terrorismo” - desde o governo Reagan  e encarregado do planejamento das operações de combate aos muçulmanos desde o governo Clinton -, tudo começou com uma deslavada mentira. Todos sabiam que o Iraque nada tinha a ver com a Al Qaeda e menos ainda com a explosão das Torres Gêmeas. Mas era preciso mostrar o poderio americano contra o Iraque (já debilitado pelos bombardeios cotidianos, durante dez anos),  o menos despótico dos países do Oriente Médio.

         Talvez o historiador que vier a suceder Hobsbawm no futuro defina este nosso tempo como “A Era Vazia”. Mas há sinais de que a resistência da razão humanística pode vir a prevalecer. Os cidadãos começam a refletir e a ocupar as ruas das grandes cidades do mundo. O neoliberalismo globalizador tem sido contestado, desde seu início, pela lucidez de grandes pensadores, muitos deles europeus e norte-americanos. Entre eles, o próprio Hobsbawm, que nunca renegou o marxismo, mas soube repensá-lo, na análise da história e da sociedade dos homens.

OS EFEITOS DO CALVÁRIO

Geovani F. dos Santos 


Não temos razões para estarmos preocupados com coisa alguma. Temos as grandes promessas de Deus a nosso favor e, acima de tudo, a testificação extraordinária do Espírito Santo através da Palavra. Estamos, portanto, tranquilos quanto a este tempo em que vivemos, e, no tocante ao tempo futuro, aguardamos o raiar do dia eternal. Pedro declara que nós estamos na expectativa de um "novo céu" e de uma "nova terra" nos quais habitarão a justiça ( I Pe 3.13). Tendo tal perspectiva do porvir, estejamos descansados na completa fidelidade de Deus para com a sua Igreja na terra. Somos instados a perseverar unanimemente como os santos do passado, cuja paciência e fé incansável nos servem de modelo. Tais santos foram vencedores neste afã, sem jamais abrir mão das verdades que receberam.





A Bíblia nos incentiva a permanecer na fé na paciência dos justos. Nos exorta a buscarmos a vontade de Deus em tudo o que fizermos neste mundo. Este procedimento foi visto na vida dos que nos antecederam. Seu modelo de persistência é o legado que nos faz pertinazes em seguir o alvo pretendido até o fim. Nas Escrituras encontramos que muitos desses homens e mulheres morreram na fé sem ter obtido as "promessas" (Hb 11.39), mas dormiram confiantes que Deus era poderoso para cumpri-las a contento mesmo depois de sua partida para a eternidade.

O que Deus diz em sua Palavra é imutável, portanto, todas as promessas que dizem respeito ao nosso futuro ou ao futuro da Igreja serão cumpridas segundo o seu beneplácito. Enquanto aguardamos tais cumprimentos, nutrimo-nos  da doce expectativa de que Ele volte em breve para que o nosso gozo seja completo.

Não podemos pensar apenas no aqui e agora. Nossa visão deve estar na eternidade. Jesus deixa claro que onde estiver o nosso tesouro, ali também  estará nosso coração. "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração ( Mt 6.21; Lc 12.34). Tendo em vista o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus, olhemos para o alvo, não nos esquecendo nunca que nossa perseverança tem avultado galardão. Paulo diz que se não nos deixarmos levar por este mundo, ou não esmorecermos na fé, teremos com certeza os nossos lauréis por meio dos benefícios da obra salvífica que Cristo efetuou por nós na Cruz de Gólgota. Estes benefícios divinos transcendem a lógica humana e não podem ser compreendidos por aqueles que não nasceram de novo segundo a Palavra.  Se quisermos gozar de tais venturas precisamos nos desvencilhar dos andrajos de nossa velha vida, dos nossos trapos de imundície, e nos vestirmos das vestes de justiça que Deus prontamente veste os seus. 

Os efeitos do Calvário repercutirão por todo o sempre. Já podemos de antemão gozar a vida bendita ou vida abundante por meio de Cristo e da Palavra. Jesus disse enfaticamente que do interior daqueles que cressem em seu nome, brotariam rios de água viva. "Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" ( Jo 7.38). Este fluir de gozo é o resultado da vida de Deus em nós, e a constatação de que o velho homem foi crucificado. Esta metamorfose é obra do Espírito de Deus experimentada por todos aqueles que vêm  a Cristo e rendem-se incondicionalmente a sua graça. Tal vida de qualidade é perceptível através de frutos e testemunhos autênticos que atestam o poder de uma nova afeição inteiramente moldada pelo Evangelho.

QUANDO CRISTO ESTÁ DO LADO DE FORA


Geovani F.dos Santos



À semelhança da Igreja de Laodiceia,  existem muitas igrejas hoje que colocaram Jesus do lado de fora. O mestre está batendo à porta destas igrejas esperando uma oportunidade para ter comunhão com elas. No entanto, as portas estão fechadas. A falta  de sensibilidade espiritual por parte de alguns líderes não permite-lhes constatar que o Senhor Jesus Cristo há muito não se encontra mais em seu meio.



Com o passar do tempo, a igreja no afã de se modernizar e acompanhar o curso da modernidade, pouco a pouco foi deixando que a soberba e a auto-suficiência lhe adentrassem ao coração, e o resultado é a aridez da vida espiritual característica de nossos tempos. A ausência de Jesus produz cultos apáticos e sem vida. Verdadeiras reuniões fúnebres onde o poder e a ação do Espírito foram sufocados pelas preocupações e cuidados deste mundo.



Quando a igreja perde o contato com o salvador o seu testemunho se torna irreal e o seu serviço completamente sem significado ou autenticidade. O resultado de tal situação é a morte irremediável decorrente da negligência e do afastamento daquele que é a vida.


Estamos vivendo o tempo das mega-igrejas dos televangelista e das estratégias mirabolantes que são engendradas para encher templos. Prega-se um evangelho raso e que não têm poder de causar impacto ou mudança em seus ouvintes. As mensagens procuram não ferir susceptibilidades  e a exposição da verdade é comprometida sob a alegada fachada de não expor ninguém diante dos outros publicamente. Os pecados são consentidos e toda série de absurdos são aceitos em nome de comportamentos politicamente corretos, mas que ferem as escrituras e os ensinos apostólicos.

Quanto mais se deixa Jesus de fora e se afasta da verdade bíblica, mais se abre caminho para toda sorte de atitudes inconcebíveis e estranhas ao Evangelho do Senhor. Os modismos, as práticas inovadoras que são adotadas com um discurso revolucionário querem dar um peso de autoridade a acréscimos humanos, ignorando o que disse o apóstolo Paulo: " não ultrapasseis o que está escrito" ou ainda o que alerta Apocalipse: que nada deve ser acrescentado ou retirado do teor das escrituras.

Uma igreja comprometida com Jesus e com a Bíblia, fugirá e rejeitará quaisquer tentativas de adulteração ou mesmo de se ensinar doutrina que não se coadune com os princípios esposados pelo Senhor e pelos apóstolos. A defesa da fé e a sustentação dos princípios cristão são uma evidência da saúde espiritual de uma igreja e de sua vitalidade espiritual.