Por Geovani Santos
Os homens de Deus não eram super-homens ou vultos divinizados. Eles eram pessoas de carne e osso como todos nós, vivendo suas vidas na maior naturalidade. Lembremo- nos das palavras de Tiago:
"...Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e os céus enviaram chuva, e a terra produziu os seus frutos" ( Tg 5.17).
O apóstolo Tiago enfatiza a humanidade de Elias neste fragmento textual, indicando claramente a sua natureza adamica e, portanto, suscetível à fraquezas e percalços existenciais. Ele não superdimensiona o profeta e, tampouco, colocá-o em um pedestal. Elias é visto como um homem comum, cheio de idiossincrasias e perfeitamente propenso à hesitações, medos e emoções variadas.
Numa época como a nossa, onde as pessoas são incensadas à condição de ídolos e endeusadas sem o menor displante, tal declaração seria motivo de estranheza ou mesmo taxada como simplória. No entanto, Tiago não é guiado pelos sentidos carnais ou mesmo por pavoneios arrogantes. Ele escreve sob a ótica do Espírito, discerne pela verdade e pondera o caráter de Elias com todo o equilíbrio que somente os verdadeiros homens de Deus possuem.
Ele não usa nenhum jargão antropocêntrico, nem se deixa levar pelo culto a personalidade ou mesmo se inclina a personalismos equivocados. Sua análise acurada coloca o profeta em seu lugar comum, sem auréolas ou mistifórios de santidade desproporcional.
Essa percepção conduz o o leitor a compreender que toda glória somente pertence à Deus. Nenhum homem por mais sábio, espiritual ou poderoso para ser, pode realizar alguma coisa se o Senhor não o consentir.Quando Jesus estava diante de Pilatos sendo inquirido, ouviu dele as seguintes palavras:
"...Você se nega a falar comigo?, disse Pilatos. "Não sabe que eu tenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo?" Jesus respondeu: "Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se não te fosse dada de cima"( Jo 19.10,11).
Jesus revela nesta
passagem que todas as ações seguem o cronograma da vontade divina. Mesmo o mal, só pode acometer um servo do Senhor se Ele o permitir. Na verdade, podemos entender que sobre todos os desígnios humanos o céu domina. Não cai uma folha da árvore ( Ez 17.24), ou um pardal ao chão sem que o Senhor não o saiba( Mt 10.29; Lc 12.6). Ora, se Deus preocupa-se com árvores e pardais; e se todas as coisas lhe obedecem e seguem a sua vontade, depende-se que tudo o que existe querendo ou não está em suas mãos. Sendo assim, Jesus tinha toda a razão de ter dito a Pilatos que " nenhum poder teria se do alto não lhe fosse dado"( Jo 19.11).
Outra vez, voltamos ao argumento de Tiago sobre Elias. Não foi o seu carisma nem tampouco a sua capacidade que fizeram chover depois de um ano e meio sobre a terra, mas a vontade soberana do Senhor. O profeta é apenas um instrumento nas mãos do Mestre, e nada mais além disso. Esta palavra nos conduz ao nosso lugar- comum e, também, ao reconhecimento de nossa pequenez diante Daquele que criou o Cosmos.
A psicologia por ser antropocêntrica coloca o homem como aquele que tem o poder em si mesmo para resolver os seus problemas. Dessarte, essa "pseudociencia" deifica o homem, tornando-o autossuficiente e independente de uma ação divina para dar a solução aos seus dilemas e situações mais difíceis.
Vemos nesta falácia uma deslavada mentira do Diabo. A mesma mentiras que foi sussurrada nos ouvidos de Eva, nossa primeira mãe, no Éden. Todavia, com tais ardilosos expedientes, o arqui-inimigo de Deus assenhoreia-se dos corações dos homens e os conduz a uma cegueira fatal.
Ao longo dos séculos, esta velha cantilena sórdida do demônio tem surtido seus funestos e nefandos efeitos, mas, podemos notar com estupor que é nos nossos dias que tal engodo se tornou ainda mais notório. Talvez embalada pela cultura de massa e por uma busca cada vez mais recorrente de auto-aceitaçao, o homem pós-moderno mergulha num modo de vida completamente deliberado ao autoengano, sem se dar conta que tal entrega cobrará um preço elevado ao seu final.
Soli Deo Gloria!