Os pastores que não adotam a famigerada teologia da prosperidade foram chamados de “idiotas” por um tal teleevangelista exaltado que todos nós já conhecemos por seus discursos inflamados na mídia. A questão não é se os pastores são ou não idiotas, mas se eles merecem tal alcunha por terem discordado deste infame ramo da “teologia”. Mas, o que é ser idiota mesmo? O Dicionário Web dá a seguinte definição para este verbete. Vejamos:
Diz-se de, ou indivíduo estúpido, falto de
inteligência, de bom senso;
Diz-se de, ou pessoa retardada, cuja idade
mental não passa de três anos (Q.I. inferior a 20). (Sin.: débil mental);
Adj. Que denota estupidez: riso idiota;
Já percebeu que tal palavra não é em nada delicada em sua definição, não
é? Todavia, foi desta maneira que o Silas Malafaia, que também é pastor, se
referiu aos seus pares. Seria trágico se não fosse cômico, mas foi isso mesmo.
Recentemente, ele disparou contra a jornalista e escritora ateia Eliane Brum,
chamando-a de “vagabunda”, ao comentar o artigo
que ela escreveu para época contando não ser fácil a vida de ateus em um Brasil
cada vez mais marcado pela intolerância evangélica. Em outro
episódio, envolvendo a Câmara de Vereadores de São Luís (MA), Malafaia chamou
um pedetista de “moleque”, “vagabundo” e “bandido”, além de ter tachado a Câmara
de “poleiro” e os vereadores de “bocós” (abestados). O presidente da
casa, Isaías Pereirinha (PSL), também criticou Malafaia por ter insultado e
desrespeitado o poder legislativo municipal. Silas Malafaia agora é ‘persona non grata’ em São Luís.
O que questiono aqui são as atitudes do pastor e as suas palavras
intempestivas, ditas de forma precipitada no calor das discussões. Como homem
público que é, e ainda por ser líder cristão, deveria se portar com mais
temperança, não dando margens aos não crentes para criticar o evangelho por seu
mau testemunho. O que seria ainda mais prejudicial.
Devemos analisar a seguinte coisa com bom senso. Quando um pastor se excede, como ele está se excedendo, está de certa forma
contrariando as Escrituras. Em 2 Timóteo 2.24,25 está escrito: “E ao servo do
senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos, apto para
ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem”.
Outra coisa também deve ser considerada. toda
palavra frívola dita pelos homens será cobrada naquele dia. Jesus disse: “digo-vos que de toda palavra frívola
que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo; porque, pelas tuas
palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (mt
12:36-37).Portanto, devemos pesar tudo aquilo
que falamos sempre levando em conta o crivo das sagradas escrituras, nossa
regra de fé e prática.
Quanto às palavras carregadas de ira, insulto, ou invectivas contra
alguém, Jesus é categórico. Em Mateus 5:21-26, ele deixa claro:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará
sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que (sem
motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;
e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento
do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de
fogo. Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu
irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai
primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.
Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a
caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de
justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali,
enquanto não pagares o último centavo.”
Sobre este texto, temos o seguinte comentário de John Stott :
“Jesus nos adverte contra o chamar a nosso irmão de raca
(provavelmente o equivalente à palavra aramaica que significa “oco”) ou
more (a palavra grega para “tolo”). Parece que “raca” é um insulto à
inteligência da pessoa, dizendo que ela é “cabeça-oca”, e os comentaristas
rivalizam-se entre si, propondo paralelos, tais como “pateta”,
“estúpido”, “parvo” ou “cabeça-dura”.” Seja como for, as palavras
proferidas aos pastores estão enquadradas neste contexto e, portanto, devem ser
repensadas pelo Pastor Silas. Um pedido de perdão seria o mais correto segundo
a Bíblia.
Soli Deo Gloria!