Quem se
interesse pela literatura de terror sabe que uma das técnicas expressivas mais
usadas é a produção de um efeito de contraste brutal entre expectativas e
realidades. Alguém caminha por uma rua familiar e, subitamente, descobre que o
lugar antes conhecido se transforma num labirinto perigoso e hostil. No domingo
passado, foram as mãos de civis gregos a repetir o gesto dos soldados de
Xerxes, incendiando alguns dos edifícios mais belos do centro de Atenas, no
meio de uma verdadeira batalha urbana.
No Parlamento,
Evangelos Venizelos explicava a necessidade de aprovar mais um pacote de
austeridade nos seguintes termos: "A questão não é a de saber se alguns
salários e pensões vão ser reduzidos, mas sim a de saber se esses salários e
pensões reduzidos poderão ser pagos..." Em Espanha foi aprovada uma nova
lei laboral que propõe brutais reduções salariais, conferindo ao patronato um
poder discricionário que só vai aumentar a belicosidade social.
Em Portugal,
mesmo com as promessas paternalistas de Schäuble, o sofrimento social aumenta
todos os dias. A narrativa europeia foi, durante mais de meio século, a da paz
sob o império da lei, do progresso social, da convergência económica. Como num
filme de terror, a moeda comum tornou-se uma masmorra onde manda a força nua,
perante o sono profundo das leis e instituições comunitárias. Cresce a
desigualdade entre nações, e, dentro destas, entre as classes sociais. A Europa
move-se, mas para trás. Parece que regressámos aos tempos de smog e pobreza dos
personagens de Charles Dickens. Quem trouxer Oliver Twist para a Europa do
século XXI levará consigo também Marx e Bakunine. Por este caminho, a Europa
terá um trágico passado à sua frente.
Artigo de Viriato Soromeno Marques publicado no Diário de Notícias de
Portugal
Meu comentário: A crise grega ameaça o equilíbrio e a existência da Comunidade Européia. O atual caos que se estabeleceu demonstra a fragilidade dos pilares sobre os quais a Europa cimentou suas estruturas políticas e econômicas. O futuro róseo que era decantado pelo bloco tornou-se pálido ante a expectativa de uma quebradeira generalizada e sem precedentes que levará todo o conjunto monetário a amargar seus piores pesadelos possíveis, num cenário de miséria e recessão inimagináveis. Ninguém pode prever o que acontecerá. Uma coisa é certa, o modo de vida das famílias europeias baseado na sociedade de bem-estar e em gastanças exorbitantes patrocinadas por seus governos chegou ao fim. A farra acabou. O que resta agora é catar os pedaços e reconstruir um novo modelo econômico responsável e mais humano em sua distribuição de renda, que contemple os trabalhadores e menos favorecidos se isso for verdadeiramente possível. O que eu acho muito difícil de acontecer nesta sociedade globalizada dominada por uma elite que concentra para o seu bel prazer todo o dinheiro do planeta.
Acontece que o monstro já está às soltas e faz suas vítimas com ferocidade mortal. O quadro de desesperança é tão grande, que trabalhadores desesperados com a diminuição de seus salários ou mesmo com as possíveis demissões que estão a caminho fizeram das ruas gregas uma verdadeira zona de guerra, com enfrentamentos, incêndios e muita pancadaria. Em nome da salvação da pátria sacrifícios serão exigidos. O povo grego sentirá na carne as consequências do pacote aprovado pelo parlamento. Se a Grécia não conseguir estancar a enchente ou mesmo deixar a zona do Euro como já se especulou antes, é imprevisível o que acontecerá. Insustentáveis as coisas já estão, só resta saber se tornarão um pesadelo terrificante para uma Europa já em transe.
Portugal
Meu comentário: A crise grega ameaça o equilíbrio e a existência da Comunidade Européia. O atual caos que se estabeleceu demonstra a fragilidade dos pilares sobre os quais a Europa cimentou suas estruturas políticas e econômicas. O futuro róseo que era decantado pelo bloco tornou-se pálido ante a expectativa de uma quebradeira generalizada e sem precedentes que levará todo o conjunto monetário a amargar seus piores pesadelos possíveis, num cenário de miséria e recessão inimagináveis. Ninguém pode prever o que acontecerá. Uma coisa é certa, o modo de vida das famílias europeias baseado na sociedade de bem-estar e em gastanças exorbitantes patrocinadas por seus governos chegou ao fim. A farra acabou. O que resta agora é catar os pedaços e reconstruir um novo modelo econômico responsável e mais humano em sua distribuição de renda, que contemple os trabalhadores e menos favorecidos se isso for verdadeiramente possível. O que eu acho muito difícil de acontecer nesta sociedade globalizada dominada por uma elite que concentra para o seu bel prazer todo o dinheiro do planeta.
Acontece que o monstro já está às soltas e faz suas vítimas com ferocidade mortal. O quadro de desesperança é tão grande, que trabalhadores desesperados com a diminuição de seus salários ou mesmo com as possíveis demissões que estão a caminho fizeram das ruas gregas uma verdadeira zona de guerra, com enfrentamentos, incêndios e muita pancadaria. Em nome da salvação da pátria sacrifícios serão exigidos. O povo grego sentirá na carne as consequências do pacote aprovado pelo parlamento. Se a Grécia não conseguir estancar a enchente ou mesmo deixar a zona do Euro como já se especulou antes, é imprevisível o que acontecerá. Insustentáveis as coisas já estão, só resta saber se tornarão um pesadelo terrificante para uma Europa já em transe.
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