terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O TERROR EUROPEU




Quem se interesse pela literatura de terror sabe que uma das técnicas expressivas mais usadas é a produção de um efeito de contraste brutal entre expectativas e realidades. Alguém caminha por uma rua familiar e, subitamente, descobre que o lugar antes conhecido se transforma num labirinto perigoso e hostil. No domingo passado, foram as mãos de civis gregos a repetir o gesto dos soldados de Xerxes, incendiando alguns dos edifícios mais belos do centro de Atenas, no meio de uma verdadeira batalha urbana.

No Parlamento, Evangelos Venizelos explicava a necessidade de aprovar mais um pacote de austeridade nos seguintes termos: "A questão não é a de saber se alguns salários e pensões vão ser reduzidos, mas sim a de saber se esses salários e pensões reduzidos poderão ser pagos..." Em Espanha foi aprovada uma nova lei laboral que propõe brutais reduções salariais, conferindo ao patronato um poder discricionário que só vai aumentar a belicosidade social.

Em Portugal, mesmo com as promessas paternalistas de Schäuble, o sofrimento social aumenta todos os dias. A narrativa europeia foi, durante mais de meio século, a da paz sob o império da lei, do progresso social, da convergência económica. Como num filme de terror, a moeda comum tornou-se uma masmorra onde manda a força nua, perante o sono profundo das leis e instituições comunitárias. Cresce a desigualdade entre nações, e, dentro destas, entre as classes sociais. A Europa move-se, mas para trás. Parece que regressámos aos tempos de smog e pobreza dos personagens de Charles Dickens. Quem trouxer Oliver Twist para a Europa do século XXI levará consigo também Marx e Bakunine. Por este caminho, a Europa terá um trágico passado à sua frente.



Artigo de Viriato Soromeno Marques publicado no Diário de Notícias de 
Portugal






Meu comentário: A crise grega ameaça o equilíbrio e a existência da Comunidade  Européia. O atual caos que se estabeleceu demonstra a fragilidade dos pilares sobre os quais a Europa cimentou suas estruturas políticas e econômicas. O futuro róseo que era decantado pelo bloco tornou-se pálido ante a expectativa de uma quebradeira generalizada e sem precedentes que levará todo o conjunto monetário a amargar seus piores pesadelos possíveis, num cenário de miséria e recessão inimagináveis. Ninguém pode prever o que acontecerá. Uma coisa é certa, o modo de vida das famílias europeias baseado na sociedade de bem-estar e em gastanças exorbitantes patrocinadas por seus governos chegou ao fim. A farra acabou. O que resta agora é catar os pedaços e reconstruir um novo modelo econômico responsável e mais humano em sua distribuição de renda, que contemple os trabalhadores e menos favorecidos se isso for verdadeiramente possível. O que eu acho muito  difícil de acontecer nesta sociedade globalizada dominada por uma elite que concentra para o seu bel prazer todo o dinheiro do planeta.


Acontece que o monstro já está às soltas  e faz suas vítimas com  ferocidade mortal. O quadro de desesperança é tão grande, que trabalhadores desesperados com a diminuição de seus salários ou mesmo com as possíveis demissões que estão  a caminho fizeram das ruas gregas uma verdadeira zona de guerra, com enfrentamentos, incêndios e muita pancadaria. Em nome da salvação da pátria sacrifícios serão exigidos. O povo grego sentirá na carne as consequências do pacote aprovado pelo parlamento. Se a Grécia não conseguir estancar a enchente ou mesmo deixar a zona do Euro como já se especulou antes, é imprevisível o que acontecerá. Insustentáveis as coisas já estão, só resta saber se tornarão um pesadelo terrificante para uma Europa já em transe.















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