quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O RELÓGIO DE MERKEL





A Alemanha habita um paradoxo. É o país decisivo para a Europa sair desta crise vital, ao mesmo tempo que é o obstáculo principal à sua solução. Contudo, nenhum outro país sabe melhor do que a Alemanha que o caminho da Europa vacila entre o federalismo e a desintegração catastrófica. Quando a chanceler Merkel comemorou o seu 35.º aniversário, ainda na ex-RDA, no lado de lá do muro existia um país inimigo. Se a Guerra Fria tivesse atingido o ponto de ebulição, os primeiros combates seriam entre os alemães da NATO e os alemães do Pacto de Varsóvia. Em vez disso, a RDA acrescentou cinco estados federados à RFA. 

O grande filósofo Habermas usou, nessa altura, a expressão "patriotismo constitucional". Do que a UE precisa é de um tratado federal que permita unir os cidadãos europeus numa comunidade de destino. Merkel sabe isso, mas o seu relógio está atrasado. Ela fala de uma união política para um futuro indeterminado, quando precisamos dessa união no prazo máximo de três anos. Relvas está tão enganado como Sócrates esteve. Temos de falar com os gregos, os irlandeses, os espanhóis, os italianos... É tempo de acabar esta guerra absurda da "dívida soberana"! É preciso dizer à chanceler Merkel que urge sincronizar os nossos relógios.



Artigo de  opinião de Viriato Soromeno Marques publicado no Diário de Notícias de Portugal  









Meu Comentário: O mundo assiste atônito o desenrolar da crise mundial que desbancou inúmeros países considerados em outros tempos ricos, mas que agora amargam índices de crescimento grotescos ou quase à beira da estagnação. Rebaixados pelas agências de rating à lixo, estes entes federativos procuram desesperadamente enxugar suas dívidas por meio de medidas austeras e impopulares de aumento de impostos, diminuição de salários, demissões em massa, e outras medidas paliativas para tentar estancar o sagramento que há muito ameaça a estabilidade do bloco Europeu.O cenário de crise mundial conclama todos os países na zona do euro a se ajudar mutuamente. É hora de deixar de lado certos entraves políticos e ideológicos no afã de se buscar uma saída que possibilite o crescimento econômico sólido com base na responsabilidade fiscal e numa distribuição de renda justa que atenda com equidade a todas as classes trabalhadoras há muito aviltadas pelos governos.Isso, no entanto, não é tarefa fácil. Colocar a casa em ordem depois da bagunça generalizada envolve uma série de atitudes e compromissos sérios, que se não levados a efeito pelos dignatários destas nações, levarão a resultados ainda mais imprevisíveis a longo prazo. O fato de se receber socorro econômico em altas somas de dinheiro pode ser tão perigoso quanto dar uma calote na dívida. Ambos são armas de dois gumes e devem servir como elemento inibidor de qualquer ação pródiga de gastos bem como de intemperança no tocante a administração destes recursos. Se o euro der com os burros n'agua será por incompetência dos governos e não pela ausência de possibilidades à mão. 






   

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