Por Geovani F. dos Santos
John Huss diante dos seus inquisidores papistas prestes a ser queimado na fogueira. |
A fé dos homens do passado
e os seus grandes feitos em nome de Deus devem ser imitados. Numa época de
intensa incredulidade e profundo afastamento dos padrões doutrinários esposados
pela Bíblia, evocar os homens do passado e os seus exemplos salutares é uma
maneira honrosa para se permanecer inabalável quando tantos estão fazendo
naufrágio espiritual ou se apostatando deliberadamente do Evangelho de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Os cristãos de todos os
tempos foram inspirados pelo Espírito Santo enquanto liam as façanhas de homens
e mulheres de Deus que permaneceram firmes diante de adversidades e se
mostraram tenazes em sua perseverança, aguardando uma resposta ou ainda um livramento
da parte do Senhor, em face de circunstâncias aparentemente impossíveis e
desesperadoras do ponto de vista humano.
Estes heróis da fé permaneceram
inabaláveis, como que vendo o invisível, porque tinham a consciência de que o
Senhor sabia dos seus sofrimentos e, de alguma forma inexplicável, atravessava
com eles esses infensos, dando-lhes graça e valor para suportarem os maiores suplícios
em nome da fé e da verdade.
A história está repleta de
relatos extraordinários que lustram de esperança a fé dos santos e acrescentam aos
mesmos uma dose de destemor e ousadia no Deus invisível, mesmo que ao redor
tudo pareça obscuro e nebuloso. Os grandes legados dos santos da antiguidade se
erguem como memoriais, os quais, como grandes faróis, iluminam a rota dos
peregrinos cristãos, instilando-lhes alento afim de que prossigam até o fim,
arrostando todas as dificuldades, com pertinácia enfrentando todas os mais
terríveis obstáculos impostos pelo Diabo e os inimigos da cruz de Cristo, tendo
em vista que a mensagem não seja obnubilada pelo mau e os seus estratagemas.
Ao levantar o ideário de
fé e permanecer confiantes no legado dos santos da antiguidade, os cristãos
contemporâneos dão perfeitas mostras de que vale à pena servir a Jesus e ser leais
a ele custe o que custar. Se existe um preço a ser pago, Cristo é digno de todo
o sacrifício, porque ele mesmo, triunfou na cruz de Gólgota para nos dar
direito à bem-aventurança eterna.
Muitos santos foram laçados às feras nas arenas romanas por causa de sua fé em Cristo |
A história nos dará exemplos
notórios que são dignos de menção, exemplos estes, que por serem tão dignificantes,
precisam ser relembrados por todas as gerações para que não caiam no olvido e
se dissipem no vácuo da história. Podemos citar como um destes exemplos, a vida
de Inácio, um servo de Cristo que fora preso por ser cristão e, enquanto era
conduzido para o seu local de execução escreveu cartas confortadoras e admoestadoras
às igrejas. Ele disse:
“Tenho sido escoltado por soldados que mesmo sendo tratados com brandura, o seu furor excede aos dos leopardos. Mas, não me importo, contudo que ganhe a Cristo. Sou como o grão de trigo que precisa ser moído pela boca dos leões para me tornar pão no Reino dos Céus"
Este relato tocante, porém, verdadeiro. Ecoa pelos séculos e
nos chama ao compromisso de continuarmos a obra destes desbravadores da fé,
que, muito antes de nós, foram impertérritos em sua fidelidade, mesmo que essa
fidelidade implicasse em seus próprios martírios. Conta-se que John Huss, que
antecedeu Lutero, cerca de quase 200 anos, foi levado ao seu lugar de execução.
Enquanto caminhava, era insultado pela turba ensandecida e feroz. Resignado,
Huss teria dito:
“Ele sofreu tanto por mim! ”
E, talvez, estas foram as suas
últimas palavras na terra dos viventes. O
se corpo foi carbonizado pelas chamas, todavia, não abriu mão da verdade que
ardia em seu peito e, tampouco, se deixou abalar pelas multidões, as quais como
demônios infernais lançavam-no impropérios e doestos mordazes.
Muito antes dele, também o
Salvador se prestou ao espetáculo de desprezo e ignominia em nome de milhões de
almas perdidas que um dia lhe seriam gratas por Ele ter ido até o Calvário para
redimi-los do horror de uma eternidade no inferno. Portanto, nenhum sofrimento
que possa ser experimentado por alguém neste mundo será inútil, pois ainda que pareça
ser sem sentido, para Deus ele é compreendido e necessário a alguma finalidade precípua,
conhecida apenas pela Providência.
As perseguições religiosas foram implacáveis aos servos de Jesus ao longo da história. |
Partindo desta premissa,
portanto, o sofrimento se reveste de significado e incorpora elementos da vontade
de Deus que produzem purificação deste mundo pecaminoso e levam à santificação.
O Salvador em primeira mão palmilhou por este vale para que os que o seguiriam
ao longo dos séculos entendessem, ao menos em parte, que o servo não é melhor ou maior do que o seu Mestre.
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