sábado, 6 de agosto de 2011

LIBERDADE E RESPONSABILIDADE





Os homens são responsáveis diretos por suas ações uma vez que foram dotados de razão e intelecto. Desta forma posto, todos são capazes de refletir se determinada ação é ou não prejudicial a si mesmo ou ao seu próximo. Portanto, o homem deve ser consciencioso e adotar uma postura reflexiva em todos os aspectos de suas decisões, caso contrário pode colher os resultados de sua insensatez ou intemperança.

 No episódio de Gênesis que relata o primeiro assassinato da humanidade cometido por um dos filhos de Adão, percebemos a exacerbação dos instintos carnais sobre a razão, trazendo como consequência imediata um fratricídio. Vejamos o que Deus disse a Caim antes que o mesmo cometesse o crime:

“E o Senhor disse a Caim: Por que te irastes e por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás ( Gn 4.6.7).

 Observe que o Senhor disse a Caim que o seu desejo estava ao seu alcance dominá-lo, portanto qualquer ação maligna que ele intentasse naquele momento poderia ser refreada ou impedida se ele cedesse à voz divina. Mas isso não aconteceu, porque ele preferiu dar ouvidos aos seus impulsos iracundos e a tragédia então se deu na primeira família que foi estabelecida na terra. “E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e o matou” (Gn 4.8).

 O resultado posterior ao homicídio todos nós já sabemos, ou seja, maldição e banimento (Gn 4.11,12). Caim foi expulso para a terra de Node( Gn 4.16) que  significa exílio na língua hebraica.

O caminho de Caim é o caminho da desobediência e da incontinência no que tange às coisas espirituais. Tal caminho sempre trará resultados funestos a todos aqueles que por ele trilharem.

Voltando um pouco atrás desta narrativa, mas precisamente no capítulo 3 do livro do Gênesis onde trata da tentação e queda do homem, veremos que Deus testa a obediência de nossos primeiros pais no Éden ordenando-lhes que não provassem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal que estava no meio do jardim. Atente para o fato de que o Senhor, embora tenha dado uma restrição aos nossos primeiros pais de que não comessem do fruto proibido, todavia, não lhes tolheu a liberdade de circularem pelo paraíso. Isso demonstra claramente que Deus, conquanto soubesse por sua onisciência que o homem transgrediria sua ordem, preferiu dar um voto de confiança ao casal que criara.

A árvore estava ali diante deles, mas eles tinham o dever moral de não tocá-la, uma vez que tal atitude incorreria na violação da ordem divina. Portanto, deveriam controlar a ansiedade e a curiosidade de experimentar do seu fruto por obediência e temor daquele que lhes advertira. No entanto, o relato inspirado declara que Satanás perverteu o coração de Eva, e esta, dando ouvidos à serpente, comeu do fruto proibido e deu-o também a Adão, fazendo dele o seu cúmplice na transgressão. Vejamos:

“Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores, do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus sabendo o bem e o mal. E vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também ao seu marido, e ele comeu com ela” ( Gn 3.1-6).

Observe a distorção da ordem divina nas palavras da serpente neste fragmento: “É assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? Vemos claramente o erro nestas palavras. Deus não disse a eles que comessem de todas as árvores. Ele lhes advertiu que comessem  de todas árvores frutíferas, menos da árvore do conhecimento do bem e do mal, nesta eles não poderiam tocar. Eva sabia de tal asserção divina, pois ela mesma repetiu à  serpente o que Deus havia ordenado. Entretanto, Eva falhou na manutenção de tal obediência em seu íntimo quando cedeu às investidas do Diabo. Satanás conseguiu corromper os seus sentidos e desta forma obter êxito em sua estratégia.

Deus sempre estabeleceu regras e limites ao seu povo. O relato da queda do homem revela o que pode acontecer quando nós violamos os seus mandamentos. Nossos primeiros pais e toda a raça humana passaram a gemer sob o estigma do pecado e a morte passou a reinar no mundo. Mesmo que não tenhamos pecado à semelhança do pecado original, contudo, herdamos os gérmens de sua transgressão por solidariedade da raça. O apóstolo Paulo deixa claro essa verdade:

“Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos homens, por isso que todos pecaram. Porque até à Lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir” ( Rm 5.12-14).

As consequências funestas do pecado repercutiram sobre toda a raça humana, como o resultado imediato da violação dos princípios divinos estabelecidos desde o princípio. Toda ação tem uma reação direta sobre alguma coisa. É uma lei inalterável. Deus estabelece marcos e demarca limites em nossa vida para que não os ultrapassemos. A quebra de tais linhas demarcatórias conduz os indivíduos à ruina e a frustração. Não temos visto as mesmas repetições do passado em nossa sociedade? Muitos desobedecendo aos seus pais e vivendo desordeiramente terminam seus dias de juventude trancafiados em uma cela, escravos de vícios ou mortos. Como bem disse Paulo: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

Quando fazemos concessões ao diabo e ignoramos as advertências do alto colhemos o fruto amargo de nossas iniquidades. A lei da semeadura é implacável. O que homem plantar, isto ele colherá. Paulo declara que: “O que semeia na carne, da carne colherá corrupção, mas os que semeiam no Espírito, do Espirito colherá vida eterna (Gl 6.8). Tudo depende de uma escolha, de uma atitude, de uma mudança de vida e de mentalidade. O Senhor tem bons pensamentos para conosco, pensamentos de salvação! Estamos dispostos a obedecê-lo ou ignoramos suas advertências. Na carta aos hebreus está escrito:” Como escaparemos nós se negligenciarmos tão grande salvação!(Hb 2.3). Deixemos de lado a dura cerviz e humilhemo-nos diante do Senhor para que alcancemos sua misericórdia e graça.

A árvore do conhecimento do bem e do mal ainda faz as suas vitimas na atualidade. Assim como nossos primeiros pais cederam à tentação de Satanás e desobedeceram ao Criador. O homem moderno se deixa seduzir com as mesmas falácias revestidas de uma nova roupagem e chafurdam na lama do pecado e do engano. O único caminho para se escapar deste círculo vicioso e o arrependimento. Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração (Hb 3.7,8).       
             

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