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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

DEBATES: CATOLICISMO ROMANO



Por Geovani F. dos Santos  


Um católico não pergunta quem é a verdade; mas, sim, onde está a "verdade"? Suponho que para a maioria dos irmãos católicos, a verdade está na sua instituição e não em Cristo. Portanto, o objetivo maior de sua missão não é ganhar almas para Cristo e, sim, para a sua igreja, a qual consideram a detentora das verdades apostólicas. Para muitos, ou seja, aqueles que professam o Catolicismo, o qual um dia professei, quem não está na Igreja Católica "Apostólica" Romana está perdido, visto que, para os mesmos, somente existe salvação para quem está dentro do Catolicismo. Esse pensamento, por si só, não se sustenta, uma vez que as Escrituras revelam que em nenhum outro há salvação, senão na pessoa sacrossanta de Jesus, o qual si mesmo se deu em sacrifício vivo e agradável a Deus na cruz de gólgota. 

Quando eu desvio o foco da salvação para uma instituição e não para Cristo, estou automaticamente invalidando o próprio Evangelho que se fundamenta na morte e ressurreição do mesmo para a nossa justificação. Pedro e João declararam diante do Sinédrio Judaico: "Este Jesus é ‘a pedra que foi rejeitada por vós, os construtores, a qual foi posta como pedra angular “E, portanto, não há salvação em nenhum outro ente, pois, em todo universo não há nenhum outro Nome dado aos seres humanos pelo qual devamos ser salvos! (Atos dos apóstolos 4.11,12).

Continuando o meu arrazoamento, considere o que Pedro e João declaram: "Este Jesus é pedra” (At 4.11). Partindo deste versículo, adentro em outra questão muito amplamente aceita e difundida nos círculos católicos, ou seja, que a Igreja é edificada sobre Pedro e não sobre Cristo, como o corroboram vossos intérpretes. Essa interpretação é no mínimo temerária e qualquer exegeta honesto consigo mesmo e com a sua consciência chegará a essa ilação lógica. Analisemos o texto controverso: "Da mesma maneira Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela. Eu darei a ti as chaves do Reino dos céus; o que ligares na terra haverá sido ligado nos céus, e o que desligares na terra, haverá sido desligado nos céus” (Mateus 16.18).


Analisemos esta construção grega: "κγ δέ σοι λέγω τι σ ε Πέτρος, κα π ταύτ τ πέτρ οκοδομήσω μου τν κκλησίαν, κα πύλαι δου ο κατισχύσουσιν ατς. Observe claramente que Jesus usa Πέτρος (pedra pequena), mas depois usa o substantivo πέτρ (Rocha). Pedro é pedra pequena e Cristo é a Rocha como claramente se depreende do texto grego. Como a Igreja poderia ser edificada sobre uma pequena pedra e não sobre uma Rocha. Quem é o fundamento dos apóstolos sobre o qual somos edificados? Paulo vai dizer que é Cristo, vejamos: "Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal (pedra angular) desse alicerce. Nele, o [edifício inteiro], bem ajustado, cresce para ser um templo santo no Senhor" (Efésios 2,20). Paulo usa a palavra grega "θεμελί" (temelio) referindo-se a Cristo como fundamento alicerce. Uma das regras da hermenêutica postula que a Bíblia se explica pela Bíblia, comparando Escritura com Escritura, "coisas espirituais com espirituais" (1 Coríntios 2.13).


*Esta postagem é fruto de debates teológicos no grupo "Católicos e Protestantes em Debate" no Facebook. Os comentários estão aqui publicados na integra.

sábado, 25 de junho de 2016

NELE UNIDOS, NA VIDA E NA MORTE

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Por Geovani F. dos Santos 


Deus pode até parecer estar em silêncio, todavia, o fato de não se manifestar não é de modo algum indicativo de que não nos esteja ouvindo ou mesmo velando por nós de alguma maneira desconhecida. O Senhor por vezes prova os seus filhos e é bem notório que todo o silêncio divino, posteriormente, redunda em um derramar de muitas bençãos sobre a vida dos que esperam em sua bondade e misericórdia.

Se cremos em Deus e, por sua vez, tenhamos feito a escolha de seguirmos a sua soberana vontade, devemos estar certos de que haja o que houver, estaremos sendo guiados por sua divina providência. Ele nos promete: “Não te deixarei, nem te desampararei (Josué 1.5; Hebreus 13.5). O Senhor Jesus também nos prometeu estar conosco “todos os dias até a consumação dos séculos” (Mateus 28.20). É exatamente a certeza da presença dele que nos faz serenos para enfrentarmos os dias maus, os dias de adversidade, quando a nebulosidade da dúvida nos assaltar e o inimigo, aproveitando-se de nossa hesitação, tentar nos desanimar insuflando ainda mais temores e angústias aos nossos corações.

O bom mestre deixa bem explicitado que no mundo teríamos aflições, passaríamos por crises e sofrimentos variados, mas em nenhum momento disse que estaríamos sozinhos em meio à tempestade ou sem sua orientação em meio as ondas procelosas do mar da existência. Um antigo hino, intitulado “O piloto” assim nos fala:


“Oh! Não temas sou contigo,

Teu piloto até o fim.

Oh! Não temas o perigo,

Eis a mão, confia em mim! ”


A bela letra deste louvor mavioso é um lenitivo para as nossas almas e uma doce consolação aos nossos corações muitas vezes abatidos pelos dissabores da vida; mas, todavia, convictos de que a Suprema Providência, assim como cuida dos pardais, também zelará por nossas vidas até o último momento. O salmista declara: "Porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será nosso guia até à morte" (Salmos 48:14).

A adversidade no mundo pode até causar estranheza a um santo, no entanto, Pedro deixa bem claro que não devemos ficar estupefatos e espavoridos diante dela. Ele assevera: 

“Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus. Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; mas, se padece como cristão, não se envergonhe; antes, glorifique a Deus nesta parte “ (I Pedro 4. 12-16).

Nos dias de Pedro, ser cristão era uma posição muito perigosa. Muitos servos do Senhor foram presos e martirizados porque serviam ao Mestre dos mestres, e, portanto, tinham o conhecimento do preço a ser pago por aqueles que em verdade desejavam servi-lo. O próprio Pedro sabia de antemão, que estava destinado ao martírio. As palavras de Jesus ditas acerca dele a João deixam bem evidente que tipo de morte lhe esperava. Vejamos o que Cristo vaticinou:

“Em verdade, em verdade Eu te afirmo: quando eras mais jovem, tu te vestias a ti mesmo e ias para onde desejavas; mas quando chegares à velhice, estenderás as mãos e outra pessoa te vestirá e te conduzirá para onde tu não queres ir. ” Isso falou Jesus, significando o tipo de morte com a qual Pedro iria glorificar a Deus. E assim que terminou de proferir essas palavras, acrescentou: “Segue-me! ”” (João 21.18).

As perseguições e martírios, longe de abalar a fé dos santos, só fez corroborar mais firmemente a disposição de permanecer leais ao Cordeiro e contribuir com a pregação do Evangelho com grande poder e unção. Ao longo de todo primeiro e segundo século da Era Cristã, o sangue dos santos mártires da Igreja de Jesus Cristo regou o solo das arenas romanas e serviu de adubo para que as sementes da salvação germinassem em milhares de vidas, as quais de bom grado, foram alcançadas pelo testemunho e pregação dos apóstolos. Vejamos o que nos diz a História:

“As brutalidades cometidas contra os cristãos eram tais, que até os próprios romanos foram movidos pela compaixão. Nero desenvolveu requintes para as suas crueldades, e inventou castigos que só a mais infernal imaginação poderia conceber. Em particular, fez com que alguns fossem costurados em peles de animais selvagens e lançados aos cães para serem destroçados. Outros, com as vestes encharcadas de cera inflamável, foram atados aos postes de seu jardim particular, onde lhes atearam fogo para que ardessem como tochas de iluminação. A perseguição generalizou-se por todo o império romano. Contudo, o espírito do cristianismo só aumentava. Foi durante essa perseguição que os apóstolos Paulo e Pedro sofreram o martírio. Aos seus nomes pode-se acrescentar Erasto, tesoureiro de Corinto; Aristarco, o macedônio; Trófimo, de Éfeso, convertido através da mensagem de Paulo e que se tornou seu colaborador; José, comumente chamado Barsabás; Ananias, o bispo de Damasco; e cada um dos setenta.” [1]


Resultado de imagem para martirio cristãoO sofrimento e a morte não eram desafios amedrontadores, pelo contrário, com Cristo eram suportáveis, pois os mesmos santificavam e levavam para os céus. O maior prêmio e maior dignificação concedidas a um Cristão, era a honra de ser martirizado por seu Mestre. Assim o foram Paulo e próprio Pedro. O primeiro decapitado e o segundo crucificado de cabeça para baixo por ordem do imperador Nero. De Pedro é dito:

“Por 10 anos Pedro governou a Igreja na cidade Jerusalém, na Judéia, Samaria, no litoral e em Antioquia. No ano de 42 D.C. transferiu a Igreja para a sede do Império a cidade de Roma. Foi estratégia de evangelização. A parir do centro do Império seria mais fácil a locomoção para evangelizar. No tempo de Nero, em 67 D.C. , foi preso e crucificado nos arredores de Roma (atual Vaticano), além do rio Tibre. Conta à tradição apostólica que na hora da crucificação pediu aos algozes que fosse crucificado de cabeça para baixo, dizendo “Não sou digno de morrer como meu mestre Jesus”, que morreu em posição normal. Os algozes atenderam este pedido de Pedro”. [2]

Outra grande coluna da Igreja teve o mesmo destino do apóstolo-pescador supracitado e honrou o Senhor Jesus com o sacrifício de sua própria vida. Historiadores supõem que Pedro e Paulo morreram na mesma época, juntamente com outros santos da igreja primitiva, condenados pelo perverso imperador Nero. Quando em Éfeso, já certo do fim de sua carreira, Paulo admoesta os crentes efésios e lhes declara que não mais veriam o seu rosto neste mundo. As palavras contundentes e incisivas do apóstolo levam os irmãos às lágrimas. Vejamos as suas últimas palavras aos de Éfeso:
 
“ E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações. Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. Agora, eu sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o reino, não vereis mais o meu rosto. Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos” (Atos dos apóstolos 20.22-26). Escrevendo a Timóteo ele também fala de sua partida:  “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado” (2 Timóteo 4:6).

O fim da carreira terreal iminente já era previsto por Paulo, o seu coração estava entregue inteiramente aos cuidados daquele que lhe chamou no Caminho de Damasco para ser apóstolo aos gentios, não haviam nenhum motivo para melindres, seu ministério estava cumprido. As lutas e sofrimentos agora ficarão neste mundo, lhe aguardam gozos inauditos nas regiões etéreas da santidade.  As palavras de Jesus permaneciam indeléveis em seu coração, no entanto teria a honra de ouvi-las em alto e bom som no reino celestial.  O escritor e historiador Ball (1998, pág. 119), escreve a seguinte narrativa sobre os derradeiros momentos do apóstolo Paulo em vida. Vejamos:

“ [...] Com o rosto pálido, porém de cabeça erguida, o apóstolo foi levado para fora dos muros da cidade. Ali, em meio a uma multidão hostil, o velho missionário da cruz levantou os olhos para orar. Muitas e muitas vezes, o Senhor o livrara de um momento como aquele. Contudo, muitos outros santos haviam enfrentado a morte, e a Graça de Deus seria suficiente a Paulo também. O Senhor Jesus sofrera uma morte vergonhosa fora dos muros de Jerusalém; mas para sua vitória, tornou a morte gloriosa a todo o cristão. Enquanto Paulo pensava na ressurreição, um riso de triunfo dançou-lhe nos olhos e brincou-lhe nos cantos da boca. Sua face estava radiante, brilhando com a luz de um outro mundo. O Capitão da guarda ordenou que parassem. O ar frio do inverno esfriara o cepo junto ao qual Paulo ajoelhou-se. Combati o bom combate, acabei a carreira; guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada. A lâmina da espada brilhou ao sol. Paulo fechou os olhos para a multidão ruidosa, e quando abriu-os de novo, estava na presença de Jesus de Nazaré, onde há plenitude de alegria e prazeres eternos (Salmo 16.11)” [3]   

Resultado de imagem para martirio cristãoPor mais que se tente compreender a história dos mártires e dos sofrimentos dos homens e mulheres da Igreja de Jesus ao longo dos séculos, sempre chegaremos a nítida conclusão de que eles somente foram até às últimas circunstâncias por amor ao Evangelho, porque de fato foram impactados pela mensagem do Nazareno a tal ponto e profundidade que as suas vidas não eram mais  preciosas para si mesmos; mas, que, estariam dispostos a sacrificar tudo: bens, recursos, tempo, família, liberdade e a própria existência para ter o direito ao sumum bonum da soberana vocação em Cristo Jesus.  Eles foram homens e mulheres cujo mundo jamais será digno mesmos. Leiamos, pois Hebreus:

 “…Os quais pela fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, alcançaram o cumprimento de promessas, fecharam a boca de leões, apagaram o poder do fogo e escaparam do fio da espada; da fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros. Houve mulheres que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus mortos. Alguns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior. Outros enfrentaram zombaria e açoites, outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles” (Hebreus 11:33-38).

Que exemplo deles nos acompanhe e inspire nesta jornada rumo aos céus, onde eles nos esperam chegar!      
   

[2] http://www.abiblia.org/ver.php?id=3120/ Acesso em 26/06/2016
[3] BALL, Charles Ferguson. A Vida e a Época do Apóstolo Paulo. 1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. 

domingo, 25 de outubro de 2015

ADVERTÊNCIA SOBRE COBIÇA E AVAREZA

Por Geovani F. dos Santos



O apóstolo Paulo em sua primeira Epístola a Timóteo assevera que: “O amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.10).  A questão da cobiça e do desejo de lucro mundano está muito presente neste fragmento de texto. Observe que o apóstolo descreve o amor ao dinheiro e, não o dinheiro propriamente dito, como a raiz de todos os males. O dinheiro em si é inofensivo. O que agrava o problema é o que se faz com ele, ou o que se coloca sobre ele. Jesus deixa isso claro quando diz: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (Mt 6.19-21). Lucas, fazendo menção de uns dos discursos de Jesus ao povo, narra o episódio em que um homem pede ao Mestre que convença o seu irmão a repartir com ele uma herança e recebe estas incisivas e penetrantes palavras: “Homem, quem me pôs a mim como juiz ou repartidor entre vós? E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12. 14,15).  
 
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Pode-se perceber na exortação do Senhor uma importante advertência a todos aqueles que possuem riquezas ou se fiam nas mesmas como sua fonte de segurança neste mundo. A vida em si é o maior tesouro que alguém pode ter e o fato de se estar vivo é uma dádiva, um bem mais precioso do que qualquer conta bancária ou quantia que possa ser amealhada nesta existência temporal.  Acima, no texto de Mateus, é feita a menção sobre onde o coração está colocado e, isso, pode fazer toda a diferença na vida de alguém.  Eis aí a grande lição que o texto encerra, ou seja, o direcionamento que se faz tendo em vista o bem maior ou a maior riqueza, que não é material, e, sim, espiritual, é que determinarão o êxito ou fracasso espiritual.  Atentar para tais detalhes é imprescindível para se manter o equilíbrio no uso das finanças, mantendo-as sempre em seu devido lugar e, não dando à mesma, uma posição que só pertence à Divindade.  A tônica do ensino de Cristo revoluteia em torno de questões capitais que dizem respeito ao modo como os homens deste mundo agem, exemplo que não deve ser seguido pelos que desejam obedecer aos seus ensinos. Jesus não está afirmando que ter posses é errado; está apenas ensinando que não se pôde fazer delas uma espécie de deus, sendo subserviente ao seu poder e magnetismo material intrínseco.  Arrington (2004, p 403), Declara:
 

As palavras de Jesus nos proíbem que entendamos que as bênçãos do Reino sejam um armazenamento de coisas materiais, pois a sua declaração é esta: “ Vendei o que tendes e dai esmolas”. O foco aqui não é abandonar posses, mas como as usamos. Jesus não nos ordena literalmente que vendamos todas as nossas posses terrenas. Isso nos reduziria a pobreza e nos tornaria dependentes dos outros. Mas o seu interesse é que não nos tornemos escravos de nossas posses e que as usemos para ajudar os outros. Confiantes no cuidado de Deus, podemos ser generosos com que Ele nos dá. Se não estamos presos ao mundo, é fácil nos tornarmos servos do Reino e considerar as necessidades dos outros.

 
Como já dissemos é o fascínio das riquezas e a busca desenfreada pelas mesmas que é condenável pelas Escrituras. Quando Paulo fala que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males” (1Tm 6.10), ele usa  um provérbio grego para dar ênfase ao caráter nocivo da cobiça e da avareza na vida dos indivíduos, um fato que se torna ainda mais terrível quando é encontrado nos cristãos. Segundo Guthrie apud Arrington e Stronstad 2004, p.1481):  “A linguagem vívida usada por ele no original é de um monstro que arrasta as suas vítimas até o fundo, submergindo-as e afogando-as. As palavras “ruina” e “destruição” sugerem uma perda irreparável”.  

William Barclay, em seu Comentário do Novo Testamento, também é categórico no uso que se faz do dinheiro e mostra o mesmo como um caminho de duas vias. Vejamos:     
 

             O dinheiro em si mesmo não é nem bom nem mau; simplesmente é perigoso porque o amor ao mesmo pode ser mau. Com o dinheiro pode-se fazer muito bem; com ele também pode-se fazer muito mal. Com dinheiro podem-se satisfazer egoisticamente os próprios desejos; e com ele pode-se responder generosamente ao clamor do próximo necessitado. Com dinheiro pode-se comprar o caminho para as coisas proibidas e facilitar o atalho ao mal; com ele pode ser mais fácil para alguém viver como Deus quer que se viva. O dinheiro não é mau, mas é uma grande responsabilidade. O dinheiro outorga poder, e o poder tem um duplo sentido, porque se pode ser poderoso para bem e para mal.  
 

O uso do dinheiro envolve um comportamento ético que se não for seguido descamba para a corrupção e por sua vez à degeneração do caráter do indivíduo. Quando Paulo usa no seu texto a metáfora de um mostro que arrasta as suas vítimas ao fundo, para destruí-las, está demonstrando o poder maligno que o dinheiro tem de destroçar a vida dos homens se não for usado com temperança. Os filósofos gregos tinham conhecimento destes fatos e em seus escritos não faltaram advertências neste sentido. Vejamos:
 

  • Demócrito: "O amor ao dinheiro é a metrópole de todos os males".
  • Sêneca: "O desejo daquilo que não nos pertence, do qual surge todo o mal da mente".
  • Focilides: “O amor ao dinheiro é a mãe de todos os males".
  • Filo: O amor ao dinheiro que é o ponto de partida da maior transgressão da lei".
  • Ateneu: “O prazer do ventre é o começo e a raiz de todo o mal”.

  

Resultado de imagem para cobiça e gananciaEm uma época em que o “ amor ao dinheiro” é decantado pelas sociedades e até mesmo a Teologia se curvou ao mesmo, precisamos voltar nossos olhos aos ensinamentos de Cristo e dos seus apóstolos para que não venhamos a ser destruídos pelo “ monstro” da cobiça e da avareza, os quais já fizeram muitas baixas nos arraiais cristãos. As palavras de Cristo “acautelai-vos” e “guardai-vos” devem ter um peso judicioso em nossas mentes e precisam ser tratados com santo temor e tremor, haja vista que emitem a preocupação divina que tem como principal escopo a preservação de nossas almas. Que a admoestação do apóstolo Pedro em sua primeira carta esteja sempre presente em nossos corações. Leiamo-la: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma ” (1 Pe 2.11).

 

 

REFERÊNCIAS

 

ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

PEDRO E O PERIGO DA PRESUNÇÃO

Por Geovani F dos Santos

"Mas Pedro, respondendo, disse-lhe:   que todos se escandalizem em ti, eu nunca me Escandalizarei" ( Mateus 26.36).

Logo após a Santa Ceia e das declarações do mestre acerca de sua traição e morte na cruz do Calvário, Jesus revela aos discípulos que todos ficariam escandalizados com isso. Na verdade, Jesus conhecia muito bem as Escrituras e, por conseguinte, o vaticínio referente ao ferimento do pastor e a consequente fuga do rebanho ( Mt 26.31, Zc 13.7). Jesus declara que os fatos se dariam muito rapidamente, ou seja, naquela noite ( Mt 26.31). Ele deixa óbvio isso quando usa "esta noite" como referência ao momento em que se dariam os desdobramentos de sua paixão e morte e ressurreição.




Pedro da mesma forma que contradisse o mestre em Mateus 16. 21-23,  quando foi repreendido duramente pelo Senhor, mais uma vez se interpõe com uma dose de presunção ao dizer: "Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei" ( Mt 26.33).

Jesus em sua presciência conhecia muito bem o coração do  seu discípulo e sabia que aquele aparentemente arroubo de ousadia não duraria muito tempo. Em outras palavras, usando um adágio muito comum entre nós, poderíamos dizer que aquele atitude de Pedro era como um "fogo de palha". Começa com muita intensidade, no entanto, se extingue rápido.

Isso demonstra claramente como muitas vezes as motivações humanas são produto de um ânimo carnal, não são espirituais. Tudo o que é carnal não prevalece a nenhuma prova!

Neste ínterim, é revelado a ele sua tríplice negação. Jesus assevera: "Em verdade te digo que, antes que o galo cante, três vezes me negarás"( Mt 26.34). Em sua contumácia, o pescador da galileia reintera enfaticamente:

"Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei" ( Mt 26.35). Adiante se verá desmoronar este frêmito de coragem.

A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal sobre este episódio faz a seguinte ponderação:


"Todos os discípulos declararam que preferiam morrer a negar a Jesus. Poucas horas mais tarde, entretanto, estariam dispersos. Falar é simples. É fácil confessar que somos fiéis a Cristo, porém nossa afirmação só é validada quando posta à prova sob cruéis perseguições".

Jesus revela que nem sempre nossas palavras e atitudes possuem motivações genuínas. Podemos dizer num ímpeto de ardor emocional que somos capazes de seguir ao Senhor até às últimas consequências, todavia, a pressão da adversidade pode revelar a profundidade de nossa fidelidade e comprometimento com o Salvador. Isso comprova com exatidão que todos nós estamos sujeitos às susceptibilidades da natureza adamica. E, por mais decididos que estejamos, se não houver em nós verdadeira conversão, sucumbiremos ao primeiro round da luta.

Rafael Stanziona de Moraes, em artigo publicado no site: www.quadrante.com.br, assevera:


"Pedro, pelo contrário, nunca perdeu essa retidão interior. Começou a seguir Jesus num arranque abnegado de generosidade, por amor. E por amor seguiu-o até ao fim. No entanto, a sua natureza generosa e ardente era frágil, e Pedro, apesar de tantas advertências carinhosas mas claras de Cristo, preferiu ignorá-las presunçosamente. E foi essa presunção que o perdeu. O seu itinerário até à queda correu pela linha das atitudes de autosuficiência, das “desafinações” em relação ao espírito do Mestre, que a longo prazo apontavam para a infidelidade em situações extremas. E assim chegou à sua tríplice negação"

Fosse Pedro mais diligente em entender a voz do mestre e o seu ensino, muitos dos seus sobressaltos teriam sido evitados. Um certo ditado pondera: "Bom seria que aprendêssemos com os erros dos outros; mas há ocasiões em que precisamos aprender com os próprios erros cometidos. Isso faz parte do aprendizado. E muitas vezes Deus permite que passemos por tais circunstâncias para aprendermos grandes lições. Na Bíblia temos inúmeros exemplos disso.

Ainda, sobre a queda de Pedro, Rafael Stanziona de Moraes continua:


"Da queda de Pedro devemos, em contrapartida, aprender a fugir da presunção. Aprender que mesmo um homem reto, que continua a pôr Deus em primeiro lugar no seu coração, pode cair em faltas muito graves se não se esforça por estar muito unido a Ele, seguindo Cristo de perto; ou seja, se não combate energicamente as pequenas claudicações do seu modo de ser e não se apóia na força da graça – na oração, na confissão, na Comunhão..."

Esse episódio apresenta-nos a importância de nos colocarmos como humildes servos de Cristo, reconhecendo sempre as nossas limitações e a nossa pequenez diante do Senhor. Aquele que sonda os corações saberá recompensar todo esforço envidado para buscarmos a sua vontade. Se falharmos, assim, como Pedro, podemos contar com a sua misericórdia!


"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" ( Hb 4.15).


Soli Deo Gloria!