domingo, 25 de outubro de 2015

ADVERTÊNCIA SOBRE COBIÇA E AVAREZA

Por Geovani F. dos Santos



O apóstolo Paulo em sua primeira Epístola a Timóteo assevera que: “O amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.10).  A questão da cobiça e do desejo de lucro mundano está muito presente neste fragmento de texto. Observe que o apóstolo descreve o amor ao dinheiro e, não o dinheiro propriamente dito, como a raiz de todos os males. O dinheiro em si é inofensivo. O que agrava o problema é o que se faz com ele, ou o que se coloca sobre ele. Jesus deixa isso claro quando diz: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (Mt 6.19-21). Lucas, fazendo menção de uns dos discursos de Jesus ao povo, narra o episódio em que um homem pede ao Mestre que convença o seu irmão a repartir com ele uma herança e recebe estas incisivas e penetrantes palavras: “Homem, quem me pôs a mim como juiz ou repartidor entre vós? E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12. 14,15).  
 
Resultado de imagem para cobiça e ganancia

Pode-se perceber na exortação do Senhor uma importante advertência a todos aqueles que possuem riquezas ou se fiam nas mesmas como sua fonte de segurança neste mundo. A vida em si é o maior tesouro que alguém pode ter e o fato de se estar vivo é uma dádiva, um bem mais precioso do que qualquer conta bancária ou quantia que possa ser amealhada nesta existência temporal.  Acima, no texto de Mateus, é feita a menção sobre onde o coração está colocado e, isso, pode fazer toda a diferença na vida de alguém.  Eis aí a grande lição que o texto encerra, ou seja, o direcionamento que se faz tendo em vista o bem maior ou a maior riqueza, que não é material, e, sim, espiritual, é que determinarão o êxito ou fracasso espiritual.  Atentar para tais detalhes é imprescindível para se manter o equilíbrio no uso das finanças, mantendo-as sempre em seu devido lugar e, não dando à mesma, uma posição que só pertence à Divindade.  A tônica do ensino de Cristo revoluteia em torno de questões capitais que dizem respeito ao modo como os homens deste mundo agem, exemplo que não deve ser seguido pelos que desejam obedecer aos seus ensinos. Jesus não está afirmando que ter posses é errado; está apenas ensinando que não se pôde fazer delas uma espécie de deus, sendo subserviente ao seu poder e magnetismo material intrínseco.  Arrington (2004, p 403), Declara:
 

As palavras de Jesus nos proíbem que entendamos que as bênçãos do Reino sejam um armazenamento de coisas materiais, pois a sua declaração é esta: “ Vendei o que tendes e dai esmolas”. O foco aqui não é abandonar posses, mas como as usamos. Jesus não nos ordena literalmente que vendamos todas as nossas posses terrenas. Isso nos reduziria a pobreza e nos tornaria dependentes dos outros. Mas o seu interesse é que não nos tornemos escravos de nossas posses e que as usemos para ajudar os outros. Confiantes no cuidado de Deus, podemos ser generosos com que Ele nos dá. Se não estamos presos ao mundo, é fácil nos tornarmos servos do Reino e considerar as necessidades dos outros.

 
Como já dissemos é o fascínio das riquezas e a busca desenfreada pelas mesmas que é condenável pelas Escrituras. Quando Paulo fala que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males” (1Tm 6.10), ele usa  um provérbio grego para dar ênfase ao caráter nocivo da cobiça e da avareza na vida dos indivíduos, um fato que se torna ainda mais terrível quando é encontrado nos cristãos. Segundo Guthrie apud Arrington e Stronstad 2004, p.1481):  “A linguagem vívida usada por ele no original é de um monstro que arrasta as suas vítimas até o fundo, submergindo-as e afogando-as. As palavras “ruina” e “destruição” sugerem uma perda irreparável”.  

William Barclay, em seu Comentário do Novo Testamento, também é categórico no uso que se faz do dinheiro e mostra o mesmo como um caminho de duas vias. Vejamos:     
 

             O dinheiro em si mesmo não é nem bom nem mau; simplesmente é perigoso porque o amor ao mesmo pode ser mau. Com o dinheiro pode-se fazer muito bem; com ele também pode-se fazer muito mal. Com dinheiro podem-se satisfazer egoisticamente os próprios desejos; e com ele pode-se responder generosamente ao clamor do próximo necessitado. Com dinheiro pode-se comprar o caminho para as coisas proibidas e facilitar o atalho ao mal; com ele pode ser mais fácil para alguém viver como Deus quer que se viva. O dinheiro não é mau, mas é uma grande responsabilidade. O dinheiro outorga poder, e o poder tem um duplo sentido, porque se pode ser poderoso para bem e para mal.  
 

O uso do dinheiro envolve um comportamento ético que se não for seguido descamba para a corrupção e por sua vez à degeneração do caráter do indivíduo. Quando Paulo usa no seu texto a metáfora de um mostro que arrasta as suas vítimas ao fundo, para destruí-las, está demonstrando o poder maligno que o dinheiro tem de destroçar a vida dos homens se não for usado com temperança. Os filósofos gregos tinham conhecimento destes fatos e em seus escritos não faltaram advertências neste sentido. Vejamos:
 

  • Demócrito: "O amor ao dinheiro é a metrópole de todos os males".
  • Sêneca: "O desejo daquilo que não nos pertence, do qual surge todo o mal da mente".
  • Focilides: “O amor ao dinheiro é a mãe de todos os males".
  • Filo: O amor ao dinheiro que é o ponto de partida da maior transgressão da lei".
  • Ateneu: “O prazer do ventre é o começo e a raiz de todo o mal”.

  

Resultado de imagem para cobiça e gananciaEm uma época em que o “ amor ao dinheiro” é decantado pelas sociedades e até mesmo a Teologia se curvou ao mesmo, precisamos voltar nossos olhos aos ensinamentos de Cristo e dos seus apóstolos para que não venhamos a ser destruídos pelo “ monstro” da cobiça e da avareza, os quais já fizeram muitas baixas nos arraiais cristãos. As palavras de Cristo “acautelai-vos” e “guardai-vos” devem ter um peso judicioso em nossas mentes e precisam ser tratados com santo temor e tremor, haja vista que emitem a preocupação divina que tem como principal escopo a preservação de nossas almas. Que a admoestação do apóstolo Pedro em sua primeira carta esteja sempre presente em nossos corações. Leiamo-la: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma ” (1 Pe 2.11).

 

 

REFERÊNCIAS

 

ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento

Nenhum comentário:

Postar um comentário