Por Geovani F. dos Santos
Um dia desses será o último dia da igreja na terra. Não importa se o mundo considera loucura ou utopia, as palavras de Jesus são suficientemente fidedignas para corroborar nossas expectativas e cimentar nossa fé. Tudo quanto ele deixou-nos registrado acerca do Arrebatamento se resume em única sentença: "Virei outra vez" (Jo 14.3).
Tal frase não teria valor algum se fosse proferida por um arguto escritor, um cientista renomado ou mesmo um sábio versado em todas as proficiências do conhecimento humano. Passaria despercebida como mais uma citação entre milhões de outras que já foram registradas ao longo dos séculos como atributo do pensamento dos homens e um contributo às pósteras gerações. A única diferença, no entanto, reside na constatação de que tão significante declaração foi vaticinada pelos lábios sacrossantos de Jesus, e ninguém neste mundo, nem no mundo vindouro, tem maior autoridade do que ele para dar cimentação a tal promessa.
Muitos santos do passado viveram e morreram tendo como visão dominante o retorno do Salvador glorificado nas nuvens do céu para conduzi-los à Glória eterna ao se dar o ressoar da trombeta. A igreja primitiva nutria igual esperança e era embalada pela doce certeza do Maranata. Viviam tão imersos em tal expectação perseverante que todos os outros alvos eram secundários. Cristo era o prêmio sobreexcelente a ser conquistado - o "sumum bonum" da vida.
Tal desejo não deveria ser menor na igreja hodierna. Muito mais do que eles, temos motivos de sobra para vivermos neste anelo revigorante. Paulo, o apóstolo dos gentios, deixou bem claro em sua epístola que a nossa salvação está, agora, muito mais perto de nós do que quando recebemos a fé. Equivale dizer que em pleno século XXI nós estamos muito próximos do seu advento e no limiar de sua manifestação.
Por isso, imbuídos de fé e esperança em Jesus, vivamos em vigilância, sempre mantendo firme no coração a certeza de que o Senhor é fiel para cumprir suas promessas. A Escritura diz: Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso. Este princípio nos dá substancial segurança, como também nos motiva a trabalharmos com mais denodo, sem qualquer dilação.
Sejamos como os servos que esperam pelo seu senhor. Cuidemos bem de nossa mordomia, mantenhamos firmes nossos alicerces espirituais e não abramos mão do que é reto, porque o Senhor saberá recompensar a lealdade de cada um de nós à altura.
A postura do crente nesta última hora deve ser de prontidão. Jesus deixa claro que sua vinda será em hora incerta, num momento súbito, quando muitos não o estarão esperando. O mestre revela aos discípulos a necessidade de vigilância dada a extraordinariedade do acontecimento. Ele o faz com o intuito de adverti-los da negligência quanto à brevidade do evento e, também, para mantê-los unidos na mesma direção e propositura de espera.
Jesus categoricamente pontua que servos diligentes não devem descuidar de seu preparo espiritual. Pelo contrário, devem estar de sobreaviso. Ele declara: " Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo ( Mc 13.33). Mais adiante no versículo 35, reitera: " Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã (Mc 13.35). Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal, Edições CPAD, à página 278, esta exortação à vigilância é inculcada de três modos:
1. Os discípulos - ( e os leitores! v.37) não sabem quando o acontecimento se dará ( vv. 33,35).
2. Quatro vezes Jesus avisa: " olhai" (v.33a): " vigiai " ( v.33b); "vigiai " ( v.35); " vigiai " ( v. 37).
3. Na parábola registrada nos versículos 34 e 35, o servo está vigiando pela chegada do seu senhor, mas aquele não sabe quando este aparecerá. O resultado é um mandado de vigilância que dificilmente pode ser mais . em seu poder retórico.
Tais asserções reforçam ainda mais a urgência da prontidão em se aguardar a volta do mestre. O termo grego usado no versículo em apreço é gregoreuo e indica a ideia de estar vigilante em estado de alerta. Paulo, em sua carta aos Romanos, usa o termo grego apokaradokia para se referir à expectativa da manifestação dos filhos de Deus. O sentido da expressão demonstra um olhar ansioso com o corpo esticado. Traduzido para o português como ardente expectação. Vejamos :
" Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus" ( Rm 8.19).
Todo crente deve ter esta expectação no íntimo. Na Bíblia, os servos bons e diligentes são distinguidos por sua perseverança e lealdade aos desígnios divinos, ao passo que os maus servos por sua intransigência e negligência para com os mesmos. Enquanto os prudentes são solícitos em obedecer e estão preparados, os relapsos procrastinam demonstrando indiferentismo diante da urgência. Um exemplo disso é perceptível na parábola das dez virgens registrada por Mateus no capítulo 25.
Na passagem vê-se claramente que cinco das virgens em questão não levavam azeite reserva consigo, enquanto que cinco delas possuíam- no. Com a demora do noivo, ambas, as loucas e as prudentes tosquenejaram, sendo surpreendidas à meia-noite com o grito: " aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro" ( Mt 25.6).
Esta parábola mostra a necessidade de estarmos sempre aptos para o arrebatamento. Não podemos dormitar como as virgens, mas estarmos preparados para ouvir a voz do noivo celestial. O apóstolo paulo declara que nem todos dormiremos, no entanto todos serão transformados " num abrir e fechar de olhos" ante o ressoar da trombeta de Deus ( I Co 15.52). Será um momento tão rápido e imperceptível para este mundo que o apóstolo usa o termo grego "in atomos", isto é, um instante mais célere do que um pestanejar.
Tendo em vista a aproximação do grande dia do Senhor, procuremos viver de forma honesta e ordeira, em santo trato e piedade, até que contemplemos novos céus e nova terra nos quais habitem a justiça.
Soli Deo Gloria!
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