Por Geovani Figueiredo dos Santos
Os propósitos e a vontade de e Deus podem parecer estranhos e enigmáticos aos viajantes na estrada da vida, todavia, é necessário entendermos que o Senhor sabe perfeitamente o que faz. Certa feita, o renomado físico Albert Einstein declarou: “O azar não existe, Deus não joga dados com o universo”. Essa frase pode até ter sido dita com outra finalidade, mas nós a usamos para reforçar o argumento de que não existe uma “casualidade” intrínseca nos acontecimentos, mais que cada um deles é tecido por vontades maiores, sejam estas: humanas ou divinas. Todo o acontecimento, segundo esse argumento, tem sempre uma causa primária numa ação produzida por uma vontade que está acima de outras vontades e, que, por ser determinante e diretiva, conduz o indivíduo a uma realização ou acontecimento, sem que o sujeito que sofre a ação ou diretividade se aperceba de que é apenas um instrumento utilizado para o cumprimento de um fim ou um mero peão num tabuleiro universal.
Pode até parecer estranho ou confuso, mas existe um quê de lógica neste arrazoamento. Vejamos a história de Ciro, o grande; monarca medo-persa que viria a ser conquistador de nações e cujo império é descrito como uma das partes da estátua do sonho de Nabucodonosor e representado pelos “peitos e braços de prata” (Daniel 2.32).
Heródoto conta uma história sobre um rei medo do século VI a.C, conhecido como Astíages, que teve um sonho perturbador com o seu neto recém-nascido que, em crescendo, usurparia o seu trono. Tomando a visão noturna como um augúrio, ordenou que o menino fosse morto, evitando dessa forma que a profecia onírica se cumprisse. Por razões surpreendentes o menino conseguiu escapar de seu malfadado destino, cresceu, e se tornou valoroso guerreiro, vindo posteriormente, cumprir o sonho do avô, derrotando-o em batalha, e fazendo-o seu prisioneiro.
O império de Ciro se estendeu desde a Capadócia, o Ponto, a Armênia e boa parte do atual Irã, e abrangia também o domínio sobre a tribo ária: a dos persas. Em 555 a.C, Ciro unifica as tribos arianas da região e contando com a adesão de outros povos vizinhos, ergue uma federação da qual passou a ser o comandante. Surgia aí o grande Império Medo-Persa, que viria a ser o conquistador da grande Babilônia dos Caldeus, que entrara em declínio após a morte de Nabucodonosor.
Deus preparou Ciro para ser o instrumento de juízo divino contra Babilônia. Da mesma forma como ela fez com o reino de Judá, impingindo-lhe humilhação, escravidão e derrota; assim, da mesma maneira lhe seria dado o troco. A que serviu de látego, sofreria agora o duro açoite de um novo ator levantado pelo Senhor no cenário geopolítico daquela época. Inúmeros foram os vaticínios contra a Grande Babilônia – a cabeça de ouro –, e os profetas de Deus foram incansáveis em proferir estes juízos bem como deixá-los registrados nos anais das Escrituras Sagradas.
O profeta Isaias proferiu o seguinte peso, vejamos: “Peso de Babilônia, que viu Isaías, filho de Amós. Alçai uma bandeira sobre o monte elevado, levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos nobres. Eu dei ordem aos meus santificados; sim, já chamei os meus poderosos para executarem a minha ira” [...] “Já se ouve a gritaria da multidão sobre os montes, como a de muito povo” [...] “Todo o que for achado será traspassado” [...] “E suas crianças serão despedaçadas perante os seus olhos, suas casas saqueadas” [...] “Eis que eu despertarei contra ela os medos, que não farão caso da prata, nem tampouco desejarão ouro” [...] “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou” [...] “Nunca mais será habitada” ( Isaías 13.1-20).
Isaías usa imagens fortes e palavras duras para descrever vividamente o destino daquela que fora a senhora entre nações. A profecia revela a impetuosidade do castigo que sobreviria aos caldeus e o fim do seu grande império. Aquela que começou em glória teria um triste ocaso. Seu destino era o pó e a ruína. No capítulo 21 Isaías profetiza a vinda dos medos-persas descrevendo-os como “tufões de vento do Sul que tudo assolam” (v.1). Mas adiante, no final do capitulo 44 o Senhor chama Ciro de “meu pastor” (v.28) e, no início capitulo 45, Deus novamente faz menção a Ciro chamando-o de “seu ungido” (v.1).
Observe que Ciro é um rei pagão, um homem que adorava outros deuses, todavia, Deus se utiliza dele como um instrumento de juízo para julgar a nação babilônica por todos os seus crimes. Citando a Bíblia de Referência Scofield, Champlin acrescenta: "Esta é a única instância onde a palavra 'ungido' é aplicada a um gentio. Nabucodonosor foi chamado de 'servo' de Yahweh (ver Jr 25.9; 27.6 e 43.10). Isso, juntamente com a designação 'meu pastor' (Is 44.28), também um título messiânico, assinalou Ciro como notável exceção, um tipo gentílico de Cristo. Os pontos são: 1. ambos são irresistíveis conquistadores dos inimigos de Israel (Is 45.1; Ap 19.19-21); 2. ambos são restauradores da cidade santa (Is 44.28; Zc. 14.1-11); 3. por meio de ambos, o nome do verdadeiro Deus é glorificado (Is 45.6; I Co 15.28)”.
Seja como for, é Deus quem controla a história e o movimento dos homens sobre a terra já está de antemão traçado. Do começo ao fim das eras é o Senhor quem determina rumo dos acontecimentos e é, ele mesmo, que definirá o rumo dos acontecimentos deste mundo até ao fim da história.