Introdução especial de Steve Baldwin para os leitores
brasileiros do Blog Julio Severo:Pessoas do mundo inteiro que amam a liberdade
e que cresceram durante os anos da Guerra Fria aprenderam a odiar a União
Soviética e com boa razão. O comunismo aniquilava toda a liberdade e o
comunismo de estilo soviético estava constantemente tentando obter mais
território. Mas esse paradigma mudou. Infelizmente, há muitos líderes
políticos, tanto nos EUA quanto em outros países, que não compreendem que a
Guerra Fria acabou e que há novas ameaças que precisam ser confrontadas e novas
alianças que precisam ser formadas. Putin pode não ser um líder perfeito, mas
pessoas do mundo inteiro que amam a liberdade têm muito mais em comum com o
povo russo do que têm com islamistas radicais que travam guerras santas. Este
artigo revela a aliança de islamistas com algumas facções na Ucrânia e sugere
que os EUA formem uma aliança com a Rússia para combater a crescente ameaça de
muçulmanos que fazem guerra santa.
Em fevereiro passado, o jornal The Intercept foi o primeiro
canal noticioso a revelar ligações claras entre o ISIS e a Ucrânia. O artigo,
escrito por Marcin Mamon, começa relatando como o líder da filial secreta do
Estado Islâmico em Istambul, na Turquia, estava indo para a Ucrânia para se
unir a outros membros do ISIS na luta contra os ucranianos do Leste que querem
mais autonomia de Kiev e uma provável aliança política com Moscou.
Apoiadores do ISIS na Ucrânia
Há um problema imediato. Provavelmente, muitos cidadãos
comuns no Ocidente não estão cientes de que o ISIS está lutando ao lado dos
nacionalistas da Ucrânia. Se tivessem essa informação, a opinião pública
poderia mudar drasticamente em apoio da Rússia — como de fato deveria ser.
Melhor ter a Ucrânia como um Estado aliado da Rússia do que mais um membro em
gestação do Califado Islâmico que está se formando em nível mundial.
Qualquer argumento de que o ISIS está, de pura bondade,
ajudando os nacionalistas ucranianos a combater os separatistas apoiados pela
Rússia, e que o ISIS arrumará suas malas e deixará a Ucrânia se uma vitória
ocorrer, é impossível de acreditar. Se os separatistas russos perderem no Leste
da Ucrânia, a Ucrânia muito provavelmente cairá sob o controle — pelo menos em
parte — do ISIS, colocando o ISIS na posição de um controlador de um país que
está na fronteira de vários membros da OTAN. Será que o Ocidente não apoiou o
lado errado na Ucrânia? Será que os EUA não deveriam em vez disso ter apoiado a
Rússia?
Kiev se tornou um importante ponto de acesso para os
terroristas do ISIS entrarem na Europa Ocidental:
A Ucrânia está agora se tornando um importante ponto de
parada para os irmãos, como Ruslan. Na Ucrânia, você pode comprar um passaporte
e uma nova identidade. Por 15.000 dólares, um combatente recebe um novo nome e
um documento legal que atesta uma cidadania ucraniana. A Ucrânia não pertence à
União Europeia, mas é um caminho fácil para a imigração para o Ocidente. Os
ucranianos têm poucas dificuldades para obter visto para a vizinha Polônia,
onde eles podem trabalhar em locais de construção e restaurantes, preenchendo a
lacuna deixada pelos milhões de poloneses que partiram em busca de trabalho na
Inglaterra e Alemanha.
O que é estupendo é que Justin Raimondo no site Antiwar.com,
predisse, em março deste ano, os problemas que isso provocaria: Estamos sendo avisados de que o ISIS está planejando ataques
terroristas na Europa, e que forças de segurança estão ocupadas prendendo
suspeitos em todo o continente — mas aí está este buraco escancarado nas
defesas do Ocidente, onde “os irmãos” estão se infiltrando quietamente, sem que
os meios de comunicação deem atenção. Em cooperação com grupos
ultranacionalistas como o Setor de Direita, que também formou seus batalhões
semiautônomos, os Islamistas da Ucrânia, brandindo passaportes ucranianos,
abriram uma via de acesso ao Ocidente…
Considerando que os EUA estão mandando muita ajuda para a
Ucrânia, quanto dessa ajuda acaba escoando para esses aliados do ISIS — e como
essa ajuda será usada no futuro? Se os senadores republicanos John McCain e
Lindsey Graham conseguirem fazer o que querem, armas dos EUA logo acabarão nas
mãos desses terroristas, cuja guerra santa contra os russos inevitavelmente se
estenderá para o Ocidente e atingirá as capitais da Europa.
Esse tiro pela culatra virá com fúria: os EUA estão criando
seus próprios inimigos, e lhes dando as armas para fazer mal aos EUA, ao mesmo
tempo em que os EUA afirmam que há uma necessidade de monitoração sobre o mundo
inteiro a fim de combater o terrorismo. Os cientistas loucos que estão
formulando a política externa dos EUA estão criando um exército de monstros
Frankenstein — que com certeza irão atrás de seus criadores iludidos.
Preciso como um relógio, oito meses depois o Ocidente vê os
ataques em Paris. Em julho, o jornal New York Times informou que três
batalhões compostos exclusivamente de islâmicos estavam lutando no Leste da
Ucrânia. Ao mesmo tempo, Elliot Friedland do jornal The Jewish Voice (A Voz
Judaica) alertou contra os problemas que estão surgindo com a incursão islâmica
na Ucrânia:
Há batalhões paramilitares islâmicos lutando ao lado das
forças armadas ucranianas. Esses batalhões estão alinhados ao Estado Islâmico e
facções islamistas chechenas. Se os EUA intensificarem a ajuda militar à
Ucrânia, cujo exército é notoriamente corrupto, essa ajuda poderá cair nas mãos
de batalhões islâmicos que estão atualmente sendo financiados por uma mistura
de oligarcas ucranianos, chefes dos países islâmicos do Golfo, crimes violentos
e extorsão. O site Ruskayya Blatina disse que algumas milícias que pertencem à
organização terrorista ISIS começaram a lutar contra os soldados russos na
Ucrânia com o apoio das autoridades americanas que deram recomendações ao
governo ucraniano com relação ao Estado Islâmico… Os combatentes alinhados ao
Estado Islâmico também usam a Ucrânia como um lugar barato e fácil para comprar
armas, as quais podem ser contrabandeadas para o Iraque, Síria e Chechênia.
Durante os dois meses passados, as conexões entre a Ucrânia
e o ISIS fizeram promoções na cadeia de comando, como ficou comprovado por uma
autoridade ucraniana de patente elevada que deu seu apoio público ao ISIS. Na
semana passada, armas — inclusive o sistema de mísseis antiaéreo FN-6 — das
forças armadas da Ucrânia “como que por encantamento mágico” acabaram nas mãos
do ISIS “tendo sido entregues ao ISIS na Síria por meio de rotas de contrabando
na Turquia.”
Logo depois, o grupo hacker russo CyberBerkut afirmou que
está “de posse de documentos que indicam que os funcionários do Ukroboronprom,
conglomerado de indústrias bélicas estatais da Ucrânia, teve discussões com
autoridades do governo do Qatar sobre a venda possível de mísseis terra-ar [os
S-125-2D Pechora-2D (registrados na OTAN como SA-3 Goa)] em setembro,” armas
que foram, quase que certamente, destinadas ao ISIS. De acordo com os
documentos vazados, a Embaixada dos EUA em Doha aprovou a negociação.
Que bagunça. A pergunta para o Ocidente agora é: Quem eles
preferem controlando o território da Ucrânia em futuro próximo, o ISIS ou a Rússia?
A resposta é claramente a Rússia. Se o Ocidente quiser construir uma coalizão
comum contra o Estado Islâmico, o melhor jeito pode ser remover da OTAN o
Estado Islâmico da Turquia, deixar a Rússia controlar a Ucrânia e então
convidar a Rússia para ser membro da OTAN (ou qualquer nova aliança que pareça
apropriada) em nossa causa comum contra a guerra santa islâmica mundial.
Tradução: Júlio Severo
Fonte: Friday Fax
Divulgação: www.juliosevero.com
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