André Mello |
Por Geovani F.dos Santos
Qual
é a confiança da população na polícia? Até que ponto um cidadão de bem se sente
seguro com a presença do aparato policial em suas comunidades? As respostas a
estas questões são variadas, mas, infelizmente, a maioria delas não são nada
agradáveis. Na verdade, a população como um todo desconfia dos entes públicos e
tem razões para isso. É bem verdade que existem exceções, todavia, são muito
rarefeitas, dado o universo dos malfeitos cometidos por agentes públicos que em
vez de proteger acabam se tornando os algozes dos que deveriam assegurar
proteção.
A desconfiança não reside apenas nos
cidadãos que já estão fartos da prevaricação policial, mas também, dentro da
própria polícia e nos próprios policiais que temem os seus parceiros porque os
mesmos são envolvidos com ilicitudes e não possuem quaisquer escrúpulos. Foi
isso que constatou o pesquisador César Muñoz Acebes da Human Rights Watch no
Brasil. Ele entrevistou nos últimos seis meses mais de 30 policiais que
trabalham em áreas com elevados índices de criminalidade. Em suas falas, disseram
temer não só os traficantes, mas também outros policiais envolvidos no crime e
violência.
Como se pode contatar, policiais honestos e
cumpridores da lei são acuados em sua ação porque temem represálias dos seus próprios
colegas de farda que assumiram uma identidade dúbia, ou seja, são policiais e
bandidos ao mesmo tempo. O medo é perceptível em cada discurso e, isso, evidentemente,
é um elemento assustador. Revela que o sistema está minado pelo desvio e
apodrecido moralmente para agir em conformidade com o que preconiza a lei. Em
muitos batalhões, superiores louvam aos que matam os bandidos é o que declarou
um policial entrevistado pelo pesquisador da Human Rights. Ele disse:
“Matar bandido é o que era exigido como bom resultado por meus superiores”.
Como se percebe a cultura de que “bandido
bom é bandido morto” prevalece incrustado em nossa sociedade e, sobretudo,
naqueles que deveriam respeitar o que reza a Constituição. Quando agentes da
lei se tornam arbitrários e resolvem eles mesmos aplicar a lei sumariamente,
sem o mínimo direito de defesa de quem está do outro lado, está, obviamente,
criando um precedente perigoso e, isso, é um dos primeiros passos no caminho da
barbárie. Quando leis não são cumpridas, o caos se estabelece e toda a sorte de
desregramentos correm frouxos na mais completa anomia, o que é um acinte ao
Estado de Direito e à liberdade democrática.
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