Geovani F. Santos
Entrei
nas páginas do livro como quem passeia em um jardim e enxerga seus encantos
multissonantes. Deixei-me absorver pela
trama, suas ideias e nuances inesperadas. Cada personagem, cheio de vida,
conduzia-me a prelúdios de expectativa ou precipitava-me num tédio insondável.
Não podia me conter. A narrativa tinha vida, cor e cheiros insólitos. Neste
lastro de sinestesias e percepções várias adentrei em mistérios cáusticos.
Senti emoções inéditas, que me faziam revolutear o pensamento qual redemoinho
em mil ponderações díspares.
Empreendi
uma viagem de caminhos sinuosos através de um oceano visitado – antes e depois
– por seres bizarros. Em dado momento, estes entes literários eram heróis. Mas,
de súbito, num rompante infinitesimal, metamorfoseavam-se em vilões malévolos e
insidiosos. Destes que maquinam conspirações e respiram malignidades
inimagináveis. Seriam disfarces, papeis invertidos, encenação?
Pensei
em deixar a leitura de lado, enfadado que estava com a morosidade absurda e
consentida de algum herói-personagem. Faltava-lhes movimento, desfecho, ou
seria vida na maior acepção da palavra? Novamente, num impulso, fui precipitado
em catarata para dentro da obra – como para um mar encapelado. Descortinava-se,
agora, assombrosas imagens de batalhas, dramas incontidos, paixões virulentas e
um misto de drama e aventura amalgamado. Fui abarcado por pulsões emocionais
avassaladoras e brutais. Meu coração parecia um tufão insopitável de sensações.
Um turbilhão de pensamentos indomados me atropelou.
Pela
segunda vez, pensei em abandonar a obra, dada a sua vertente de obviedades que
me solapavam a consciência. Onde estou? Perguntei-me. Sobressaltado por páginas
movediças, as quais adquiriam vida e fascínio – mas, ao mesmo tempo repulsa.
Como posso experimentar em só momento prazer e asco; amor e ódio; apego e
desdém? A mente me trai e os pensamentos encetam outras preocupações. Vou
adiante.... Transponho o limiar de mais um capítulo, tão nebuloso quanto o
primeiro. Todavia prossigo no afã de entender melhor o que se dará no seu
derradeiro fim.
Creio
que ler um livro é viajar. Por que ao lê-lo, procuramos entender a alma do
autor e o sentido multifacetado que imprime a cada um dos seus personagens.
Procuramos apreender o que ele deseja transmitir em cada tênue linha textual. A
mágica está em continuar a leitura, afeitos por descobrir novos mundos,
personagens e curiosidades intrínsecas. Ao se dobrar o seu último parágrafo,
sentimo-nos como desbravadores indômitos chegando por fim ao seu alvo.
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