Por Geovani Figueiredo dos Santos
Se
usarmos o comportamento odioso de Caim e a sua conduta abominável para com o
seu irmão Abel como uma analogia metafórica da atitude de certos cristãos
hodiernos no que diz respeito ao seu próximo, chegaremos a inconteste
constatação de que a natureza humana continua tão imoral e pervertida, como
sempre foi. Se o homem não estiver sob a Graça e, por conseguinte, completamente
rendido ao senhorio de Cristo e ao seu Santo Espírito, pode ser capaz de práticas
semelhantes ou, quiçá, piores do que as obras de Caim, cujo coração era mau.
Westcott deixa bem claro que “a vida permite que se conheça os filhos de Deus ”,
e, portanto, não se pode de modo algum ignorar que os servos de Cristo são
conhecidos pelas obras que praticam e pelos frutos que produzem.
Um
homem é conhecido pelo seu testemunho e, também, por uma outra característica
fundamental que é o amor. O próprio apóstolo em questão declarou
que ser justo é amar aos irmãos. William Barclay assevera em seu Comentario do
Novo Testamento que amar “trata-se de um dever e um mandamento que jamais deveríamos
pôr em dúvida. João aduzira diversas formas e razões pelas quais esse mandamento
precípuo e um ponto capital no caráter cristão que não deve ser tratado com displicência
por quem quer que deseje professar o nome de Cristo ou seguir as suas pisadas. Barclay pontua estas questões, vejamos:
(1) É um dever que foi inculcado aos cristãos
desde o momento em que ingressaram na Igreja. A ética cristã pode resumir-se
com uma só palavra: amor. Desde o momento que um homem se entrega a Cristo, e
formaliza sua incorporação à Igreja, empenha sua palavra de fazer do amor o
móvel principal de sua vida.
(2)
Precisamente
por isso mesmo, o fato de que a pessoa ame o seu próximo constitui a evidência
definitiva de que passou da morte para a vida.
(3)
Amar
significa transformar-se em homicida. Não há dúvida de que João aqui está
pensando nas palavras de Jesus no Sermão da Montanha (Mateus 5:21-22). Jesus
diz que a lei antiga proíbe o homicídio, mas a nova lei estabelece que a ira, o
rancor e o desprezo são pecados igualmente graves. O ódio no coração deve
preceder o ato externo do homicídio. Um homem que odeia é sempre um assassino
em potencial. Consentir que o ódio se assente no coração implica quebrantar um
claro e positivo mandamento do próprio Jesus. Portanto, o homem que ama é
seguidor de Cristo, e aquele que odeia se aparta dEle.
(4)
Mas há
ainda algo mais que devemos assinalar. Qualquer pessoa pode dizer: "Admito
esta obrigação de amar, e procurarei cumpri-la; mas não sei o que implica. Qual
é o amor que devo mostrar e em que devo viver?" A resposta de João (1 João
3:16) é a seguinte: "Se quer saber o que é o amor, olhe a Jesus Cristo. Em
sua morte na cruz por todos os homens se manifestou tudo seu amor". João
quer nos dizer que uma vez que a gente viu a Cristo, sabe o que é o amor. ou em
outras palavras, a vida do cristão é a imitação de Cristo. “Tende em vós o
mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Filip. 2:5). Ele nos deixou
um exemplo, “para seguirdes os seus passos” (1 Pedro 2:21). Nenhum homem pode
ver Cristo e depois dizer que não sabe o que é a vida cristã.
O
amor segundo é apresentado nas Escrituras explicita uma vida de virtudes e transparência
para com o nosso semelhante. Na igreja somos chamados a dar a vida pelos nossos
irmãos, o contrário, é a mais terrível contrafação da caridade divina e do ideal
castiço de Cristo aos seus seguidores.
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