Por Geovani F. Santos
Quando se olha para o cenário
político brasileiro o que nos vêm à mente num primeiro momento é vergonha. Este
vocábulo encerra todas as angústias que revoluteiam a alma de milhões de
compatriotas que simplesmente não aguentam mais com a tamanha desfaçatez e a roubalheira
que tomaram conta do cenário cotidiano nacional. A reboque de todas estas
lamentáveis situações, ainda temos que aguentar o jogo de empurra que envolve a
signatária brasileira, Dilma Rousseff e o presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha. A presidente luta com
todas as suas armas para impedir que Cunha, aproveitando-se dos seus poderes constitucionais,
saque contra ela o tão temível passaporte para Disneylândia, ou, diga-se de passagem,
o impeachment. Para tanto, costura de
todos os lados acordos com políticos ligados a Cunha, para que estes sirvam de
interlocutores entre o planalto e o famigerado deputado.
A troca de farpas é notória entre
os dois lados e a retórica pesada de ambas as partes é um indicador de que o
incêndio ainda não foi debelado e, portanto, os assessores da presidente ainda
terão muito pano para manga nos dias porvir. Pediu-se a presidente que
diminuísse o tom das suas palavras. O momento é de se buscar o consenso através
do diálogo e não de se colocar mais combustível ao fogo. Pelo visto, essa
novela acabará com um acordo de conivências em que um se proporá em não remexer
a lama do outro. É melhor deixar quieto, porque se mexer demais vai feder.
A velha política brasileira “do tudo acabar em
pizza” ainda é uma realidade que nos atordoa e faz parte dos artifícios
engendrados pelos fantásticos prestidigitadores que dizem nos representar. Os
bônus sempre ficam com eles, enquanto os ônus dos seus desmandos acabam sempre
sobrando para o bolso do contribuinte, que apesar de pagar as suas contas em
dia, sofre por não ver os seus impostos revertidos para o bem da população.
Isso porque fazer política no Brasil é apenas uma cortina de fumaça, uma
espécie de trampolim em que o sujeito entra pobre, em alguns casos, e depois de
algum tempo, passa a exibir um patrimônio que em se trabalhando jamais seria
conquistado.
A vida política, portanto,
concede riquezas nababescas aos seus figurões, cuja única meta é se dar bem nas
costas daqueles que os elegeram, e nada mais. Enquanto isso, a miséria solapa
os lares de milhões brasileiros que dependem de uma “bolsa família”
assistencialista que não dá para comprar quase nada e, que, só serve para que o
governo se promova com as suas propagandas mirabolantes e mentirosas de que
está extinguindo a fome dos menos favorecidos. A realidade, todavia, prova o
contrário.
A verdade é que o mundo político
segue anestesiado diante da realidade nacional, como se vivesse num universo à
parte. Seria muita ingenuidade de nossa parte dizermos que eles não enxergam a
verdade, porque isso não seria sensato.
Eles sabem bem o que estão fazendo e não são simplórios no que tange à
bancarrota em que vive a economia do país. Mas, certas coisas são ignoradas em
nome de interesses partidários e fisiologismo escancarado. Existe um certo jogo
de interesses e, tais interesses são mais importantes do que o estado da nação.
Em 2005, o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) teve o seu
mandato cassado quando se descobriu que ele recebia um tal “mensalinho” de R$
de 10 mil reais de um dono de restaurante que servia ao Congresso. No entanto,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é acusado de ter contas milionárias na Suíça e, mesmo
assim, prossegue no cargo inatingível.
Em editorial, o jornal O Globo de 21/10/2015 declara que a “oposição e a
base fragmentada da situação se posicionam na questão Cunha de forma
oportunista, para faturar dividendos”.
Vejam só, em vez de buscarem soluções conjuntas para restaurarem o
equilíbrio econômico nacional e colocar o Brasil novamente nos trilhos do
desenvolvimento, adotam medidas corporativas tendo em vista tirar alguma
vantagem da situação. O PT o faz na esperança de que Cunha não deflagre o
processo de impeachment contra a
presidente Dilma; mas, por outro lado, a oposição torce para que Cunha vá
adiante e dê sua última cartada contra o já combalido governo. É esperar para
ver.
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