Especialistas respondem a perguntas frequentes feitas no Google sobre os cuidados com bebês e crianças
Doutor via internet. De questões práticas a comportamentais, o que mais gera curiosidade em pais e mães |
Todos os pais, principalmente os de primeira viagem, têm uma série de questões sobre o cuidado com seus filhos. Por que meu bebê sua tanto enquanto dorme? Como identificar uma insolação na criança? Como tratar a estomatite? Estes são exemplos das 20 dúvidas mais buscadas na internet, segundo levantamento feito pelo Google em parceria com a revista “Crescer”, da Editora Globo, que procurou especialistas para responder a essas questões. Veja, a seguir, o que eles disseram sobre algumas dessas indagações.
Por que meu bebê está com a temperatura tão baixa?
Temperatura corporal inferior a 36°C configura hipotermia. A causa mais frequente é simples: frio. Por isso, deve-se agasalhar bem a criança, além de oferecer bebidas mornas, como chá ou leite, se ela não estiver em aleitamento exclusivo. Se não der resultado, cabe avaliação médica, porque hipotermia pode ser causada por infecção, embora não seja comum. Segundo a pediatra Fátima Fernandes, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, se, além de estar frio, seu filho parecer prostrado e não reagir a estímulos, leve-o a um pediatra com urgência, pois pode se tratar de meningite, deficiência cardíaca ou infecção generalizada.
Qual é o nível normal de glicose para crianças?
A taxa esperada é semelhante à dos adultos: de 60 mg/dL a 99 mg/dL. “Essa dúvida é porque os pais têm fácil acesso aos aparelhos portáteis que mostram a glicemia a partir de uma gota de sangue. Só que esses equipamentos são calibrados para adultos e podem distorcer o resultado das crianças”, diz Tadeu Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). O médico também acha que muitos cuidadores se desesperam ao abrir exames laboratoriais e ver a glicose fora do parâmetro. Mas, segundo ele, isso geralmente ocorre porque o jejum necessário não é seguido à risca, já que os pais ficam com dó de deixar o filho sem se alimentar. O mais sensato é esperar para ouvir a interpretação do médico. Quais os problemas de ter filho único? Crianças sem irmãos podem apresentar dificuldade de interação com colegas e de compartilhar (brinquedos, atenção dos familiares e espaço), além da tendência a querer ser o centro das atenções. “Mas ser filho único não é sentença de ser mimado. Isso dependerá da postura dos pais”, tranquiliza a psicóloga Rita Calegari, da Rede de Hospitais São Camilo (SP). Vale estimular o convívio com outras crianças, como primos e colegas de escola. Quais os sintomas de insolação em crianças? O quadro se caracteriza por uma temperatura corporal superior a 39,5°C, mas sem origem febril. Os sintomas incluem desidratação, pele avermelhada e sensação de calafrio. Além da causa mais óbvia — a exposição exagerada ao sol —, o problema pode ocorrer por excesso de roupa ou um ambiente demasiadamente quente, especialmente se a criança brincar muito sem se alimentar e beber líquido. O uso de protetor solar atua na prevenção, retardando a transpiração. Diante do problema, recomenda-se banho fresco, manter a criança hidratada e em local arejado. O uso de antitérmico não surte efeito. Se a criança ficar muito apática, ela deve ser levada a um médico com urgência.
Maisena engorda o bebê?
Sim. A maisena (ou amido de milho) é uma farinha usada na culinária, e algumas pessoas a utilizam para engrossar o leite da mamadeira acreditando que a criança ficará mais forte. Mas isso não agrega nutrientes à dieta e só aproxima seu filho da obesidade. Bebês devem receber leite materno de forma exclusiva até os 6 meses e complementar até os 2 anos. Se não for possível, o melhor é recorrer a produtos próprios para a idade. “As fórmulas lácteas de hoje são bem completas e já oferecem carboidratos”, explica a pediatra Fátima Fernandes.
O que significa o suor noturno infantil?
Costuma indicar apenas que a criança está com calor. Muitas mães agasalham demais o filho na hora de dormir. Basta diminuir a quantidade de roupas e refrescar o ambiente. Use sua própria sensação como parâmetro e considere que bebês precisam de uma peça de roupa a mais. Tenha em mente que isso não é motivo de preocupação. Apenas casos muito raros, associados a outros fatores, como baixo ganho de peso, febre, tosse e prostração, podem indicar doenças.
O que esperar da gravidez do segundo filho?
Uma gravidez nunca é igual à outra. Se a primeira gestação foi ruim, com enjoos e problemas de saúde, pode ser que a segunda seja mais tranquila. Ou o contrário. “O momento existencial da mulher — como ela se sente, sua relação com a vida e com o pai da criança — também fará diferença”, diz a psicóloga Rita Calegari. No corpo, há diferenças perceptíveis: a barriga costuma despontar mais rápido, porque a pele ganhou elasticidade. O mesmo ocorre com as mamas. “A tendência é que a mulher reconheça mais facilmente os sinais de trabalho de parto e que um eventual parto normal seja mais rápido, porque o útero guarda memória celular”, diz o obstetra Domingos Mantelli, autor do livro “Gestação — Mitos e verdades sob o olhar do obstetra” (Ed. Segmento Farma).
Como tratar estomatite em crianças?
A doença agride a mucosa da boca e, em alguns casos, a língua. Normalmente provocada por vírus, causa aftas dolorosas. O ideal é controlar a dor com analgésicos (sob orientação do pediatra) e ofertar líquidos ou alimentos pastosos que não sejam ácidos. “As refeições podem ser servidas mornas, em forma de papa cremosa ou purê”, ensina o pediatra Victor Nudelman, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP). O quadro desaparece num período de sete a 15 dias.
Bebês têm pesadelos?
Sim. Especialistas explicam que sonhos e pesadelos ocorrem no chamado sono REM. Como crianças apresentam essa fase do sono desde que nascem, podem ter sonhos positivos ou negativos, sempre de acordo com o que apreendem do mundo ao redor. “Os sonhos se relacionam ao contexto vivenciado enquanto o bebê está acordado”, diz o neuropediatra Antonio Carlos de Farias, do Hospital Pequeno Príncipe (PR).
Fonte: O Globo edição de 01/11/2015
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