Por Geovani F. dos Santos
Como
bem disse o apóstolo Paulo, todas as cousas neste mundo são vistas “como em
espelho, obscuramente” (1 Co 13. 12). Os homens conhecem apenas “em parte”,
porque estão limitados a sua condição humana imperfeita e incapaz de conhecer
todos os infinitos mistérios da revelação do evangelho em cristo e, também, no
que diz respeito às insondáveis virtudes da eternidade.
Um
dia, no Reino eterno de Cristo, conheceremos numa dimensão completamente
diferente da que conhecemos na atualidade, ou seja, com uma visão não mais
eclipsada por borrões transitórios desta existência ou por embaçamentos de
nossa natureza corpórea pecaminosa, afeita a este mundo e limitada no que tange
a compreender maiores dimensões da Graça divina.
Compreenderemos
“além do véu”, desenvoltos e libertos de nossa “disposição mental reprovável” (Rm1.28),
herança da queda, e, que, impossibilita-nos de ter, aqui, vislumbres completos da
excelsa magnitude de glória, que em nós, está para ser revelada (Rm 8.18),
quando deixarmos este orbe para vivermos para sempre com o Senhor.
No
contexto de 1 Coríntios 13.12, Paulo usa a metáfora do espelho com muita
propriedade. Para entende-la, precisamos voltar no tempo, e, em retrospecto,
compreender que os espelhos fabricados e usados em Corinto, não eram como os de
hoje, bem nítidos, refletindo a imagem perfeita da pessoa. Tais espelhos como
os conhecemos, surgiram apenas no século XVIII. Os espelhos usados pelos Coríntios
não apresentavam uma imagem perfeita da fisionomia da pessoa e, sim, um reflexo
embaçado, obscuro, quase imperceptível. William
Barclay nos explica melhor isso vejamos:
“O espelho coríntio era feito de metal altamente brunido, o melhor deles dava um reflexo imperfeito. Sugeriu-se que o que significa esta frase é que vemos como se fora através de uma janela feita de haste. Naqueles dias as janelas se faziam assim e tudo o que se podia ver através delas era um contorno impreciso e escuro. Cabe esclarecer que os rabinos tinham um declaração segundo a qual Moisés tinha visto a Deus através de uma destas janelas.”
Conforme
podemos inferir do texto, no mundo vemos apenas uma pequena fração ou um
simulacro do que verdadeiramente está posto além desta vida. Conquanto os
homens busquem aperfeiçoar-se e crescer no conhecimento das coisas e em sua
engenhosidade, contudo, tudo não passará de uma busca inútil que terminará frustração
ao se constatar que foi apenas um correr atrás do vento e de uma vaidade que
não pode preencher nem dar significado à existência, porque esta só pode
encontrar a sua plenitude perfeita em Deus
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